São Paulo, sexta-feira, 31 de janeiro de 1997
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Acordo com chineses ajudou a criar fama

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Charlene Barshefsky é daquelas personalidades públicas que conseguem, graças a bons contatos entre jornalistas, talento próprio e uma boa dose de sorte, se transformar em estrelas da noite para o dia.
Ainda na condição de segunda pessoa na hierarquia do USTR, ela ganhou um perfil de 11 páginas, ilustradas por fotos da badaladíssima Annie Leibovitz, na prestigiosa revista "The New Yorker".
O gancho para a fama veio quando ela fechou acordo com o governo da China para diminuir a pirataria contra produtos intelectuais norte-americanos naquele país.
Foi em março de 1995, após 20 meses de negociações. Barshefsky foi recebida em Washington como heroína e estabeleceu a fama de durona de que desfruta até agora.
Mas quase dois anos depois, o fato é que vídeos, discos e software dos EUA continuam sendo copiados e vendidos por toda a China.
Ela é uma pessoa atraente. Tem 46 anos, 1m67, 48 kg, seu corpo alongado parece ter saído de uma tela de Modgliani, o rosto angular e o nariz proeminente lembram a face de uma águia.
Casada com Edward Cohen, funcionário do Departamento do Interior, duas filhas (uma de oito e outra de 13 anos), Barshefsky é de poucas palavras, mas quando fala tende a merecer a atenção.
O USTR é sua primeira experiência de governo. Antes, ela passou 18 anos como responsável da divisão internacional de uma das maiores firmas de direito e lobby dos EUA, a Steptoe & Johnson.
Se não chegou a ofuscar o então titular do USTR, Mickey Kantor, Barshefsky logo ganhou a atenção de Clinton, por suas idéias ousadas, capazes de gerar notícias e obter a simpatia dos conservadores no Congresso, como a de impor uma sobretaxa de 100% na importação de automóveis de luxo japoneses como forma de pressionar o Japão a abrir seu mercado para os carros norte-americanos.
Quando Kantor substituiu Ron Brown no Departamento do Comércio, Barshefsky foi considerada a sucessora natural no USTR.
Havia o problema da recém-aprovada lei de Bob Dole para impedir que pessoas que tivessem prestado serviço a governos estrangeiros assumissem o USTR, mas Clinton sabia que podia suspendê-la no caso.
(CELS)

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