São Paulo, sexta-feira, 31 de janeiro de 1997
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Pequeno é bonito. E forte

CLÓVIS ROSSI

Davos, Suíça - O mundo é e será dominado pelos grandes (países ou companhias), certo? Errado, muito errado, segundo um desses grandes gurus capazes de fazer previsões definitivas não apenas sobre o próximo mês ou ano, mas sobre o século que está chegando.
Trata-se de John Naisbitt, autor de um clássico das previsões ("Megatendências 2000").
Para ele, o paradoxo mundial hoje se dá pelo fato de que, quanto maior a economia, mais poderosos se tornam os atores pequenos ou médios.
Os números que menciona sobre os Estados Unidos são, de fato, impressionantes: as empresas pequenas e médias geram 90% da riqueza dos EUA.
Naisbitt conta que a multinacional suíça Asea Brown Boveri, que tem um braço também no Brasil, subdividiu-se em 1.300 companhias autônomas. Ou, como prefere seu presidente mundial, Percy Barnevik: "Não somos mais uma multinacional, mas uma confederação de companhias locais, com uma intensa coordenação global".
Naisbitt garante que gigantes como a IBM e a Sony também terão que seguir a trilha da "confederação", sob pena de não sobreviverem.
O guru explica parte substancial da solidez econômica norte-americana (a recente, não a histórica) pela proliferação de pequenas e médias empresas. Diz que 1 milhão delas foram criadas só no ano passado (2/3 das quais sob direção de mulheres).
Até em relação aos países, aplica-se o mesmo raciocínio: hoje, 44% da riqueza mundial já é gerada nos países em desenvolvimento.
Naisbitt diz que, logo, logo, será a metade.
Confesso que, ao mesmo tempo em que admiro gente capaz de ter certezas, quando só tenho dúvidas, desconfio de quem se arrisca a previsões tão formidáveis.
Menos mal que o século 21 é depois da amanhã e muitos viverão para confirmar se o guru acertou.

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