São Paulo, quinta-feira, 2 de outubro de 1997 |
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Autenticidade de obras é questionada
CASSIANO ELEK MACHADO
A obra deixou oficialmente de fazer parte do acervo, mas está guardada até hoje em uma das reservas técnicas do Masp. Miró é falso, mas há outros casos em que pairam dúvidas sobre a autenticidade. Na década de 50, a dúvida era tamanha que Bardi decidiu mostrar a coleção na Europa e nos EUA. Levou os quadros para o Louvre (Paris), Tate Gallery (Londres) e esfregou a autenticidade no rosto de seus detratores. Quarenta anos depois dessa turnê, o Masp ainda convive com questionamentos. O ex-conservador-chefe do museu Fábio Magalhães diz que a tela "Natureza-morta com Flores", uma das cinco obras de Van Gogh pertencentes ao Masp, "não pode ser considerada" obra do artista holandês. Atual presidente do Memorial da América Latina, Magalhães fundamenta a informação em conclusões do "museu de Amsterdã que organiza a obra geral de Van Gogh". A responsável pela coordenadoria de acervo do Masp, Eunice Sophia, não assina embaixo das palavras de Magalhães, mas diz que a "obra merece um estudo acurado". Mais comum do que questionar se uma peça é verdadeira ou falsa, é o estudo sobre sua autenticidade. Era comum que o artista usasse aprendizes em seu ateliê, e que esses às vezes pintassem para o mestre. Com frequência o artista assinava obras produzidas por assistentes ou seguidores. O Projeto de Pesquisas Rembrandt, que verifica a autenticidade de obras, sustenta que o "Auto-retrato com Barba Nascente", do Masp, não é um Rembrandt. Segundo documento da comissão, que questiona o método de iluminação, o manejo da tinta e a interpretação de formas e sombras, a obra "deve ter sido produzida no círculo de Rembrandt". Bardi, que já havia analisado pinturas para o projeto, nunca acatou a opinião do conselho de pesquisadores. "Nunca me promovi a 'expert', mas reitero minha convicção de que é do mestre", escreveu. Outra obra discutida é "As Tentações de Santo Antônio", de Bosch. Para Luiz Marques, ex-curador do Masp, a questão "está em plena ebulição". Um estudo sobre o museu, o livro "Trésors du Musée de São Paulo" (Fundação Pierre Gianadda), diz que a peça do Masp é "uma das numerosas versões conhecidas, totais ou parciais, do tríptico que está no Museu Nacional de Arte Antiga de Lisboa". As dúvidas sobre a autenticidade das obras do Masp geraram até piadas. Uma delas dizia que o Bardi que veio ao Brasil era falso. O verdadeiro vivia escondido na Itália. Texto Anterior: glossário Próximo Texto: Museu foi um dos investimentos do século Índice |
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