São Paulo, quinta-feira, 2 de outubro de 1997
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Megaoperação tenta conter fogo no AM

ANDRÉ LOZANO
ENVIADO ESPECIAL A MANAUS

O Ibama e outros 15 órgãos estaduais e municipais do Amazonas iniciaram ontem uma megaoperação de combate aos cerca de 150 focos de incêndio que se aproximam de Manaus, ocasionando nuvens de fumaça e colocando em risco a população da cidade.
A operação, chamada pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Meio Ambiente (Sedema) de "guerra às queimadas", conta, a partir de hoje, com 200 pessoas do Corpo de Bombeiros, Inpa (Instituto de Pesquisa da Amazônia), Força Aérea, Ministério Público, Defesa Civil, Instituto de Meteorologia, Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e Sedema, entre outros.
Ontem, fiscais do Ibama iniciaram a operação "atacando" em oito frentes. Equipes rastreariam por terra -em Toyotas e camionetes- e por ar -em dois helicópteros cedidos pelo 7º Comar (Comando Aéreo do Amazonas) oito pontos críticos de queimadas em um raio de cerca de 100 km do centro de Manaus, principalmente entre os municípios de Presidente Figueiredo e Itacoatiara. Até as 18h (19h de Brasília) não havia um balanço da operação.
A Folha acompanhou o primeiro vôo de helicóptero do Ibama sobre a região metropolitana de Manaus. Após cinco minutos da decolagem da Base Aérea de Manaus foram identificadas três áreas devastadas.
"Essas áreas queimadas na região metropolitana são resultado da especulação imobiliária e da ação das madeireiras", disse o superintendente do Ibama no Amazonas, Hamilton Nobre Casara, apontando, do helicóptero, para duas áreas de cerca de um hectare cada, totalmente devastadas.
Uma das áreas ficava ao lado de um loteamento, provavelmente clandestino, e a outra, ao redor de uma madeireira.
Reserva
Os incêndios em Manaus chegaram a atingir a reserva florestal Ducke, considerada uma das maiores do mundo em espécies vivas identificadas e catalogadas. São mais de 100 milhões de m2, entre as zonas norte e leste da cidade.
"Os incêndios sempre ocorreram no Amazonas nessa época do ano. A diferença, neste ano, é que os focos de fogo se somaram ao efeito El Niño (aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico) e à inversão térmica ocorrida na região, há cerca de dez dias. É uma situação preocupante porque os focos estão se aproximando da cidade, da população", disse Casara.
Há 20 dias não chove forte na região. A umidade relativa do ar está em cerca de 40%, quando o normal, para esta época do ano, é de, no mínimo, 60% (leia texto nesta página). A verificação da aproximação dos focos de incêndio de Manaus é a principal explicação da secretária municipal do Meio Ambiente, Rosalina Pinheiro de Lima, para a megaoperação contra as queimadas, 20 dias depois da constatação do problema climático da região.
O excesso de queimadas próximo a Manaus tem provocado nuvens no início da manhã e da tarde. Ontem de manhã, a visibilidade no centro da cidade era de cerca de 150 metros, segundo o superintendente do Ibama.

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