São Paulo, quinta-feira, 2 de outubro de 1997
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São Paulo recebe remédios em excesso

PRISCILA LAMBERT
DA REPORTAGEM LOCAL

A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo tem recebido, desde o início do ano, quantias de medicamentos muito superiores às solicitadas à Ceme (Central de Medicamentos) do Ministério da Saúde.
Apesar de ter solicitado, para este ano, 10 mil bisnagas de geléia espermicida -usada na colocação do diafragma em mulheres-, o Ceme anunciou a compra de 1.430.950 bisnagas para São Paulo.
Desse total, já foram descarregadas, sem prévio aviso, 314.550 unidades do medicamento no almoxarifado da secretaria.
Harue Ohashi, secretária executiva da comissão de medicamentos básicos da secretaria, disse que enviou um ofício à central, pedindo a interrupção da entrega. O mesmo foi feito para impedir a entrega de 8.970.264 cartelas de anticoncepcionais.
A secretaria havia pedido 4 milhões de cartelas para 97. Segundo Harue, além dessa quantia excessiva, estão encalhados no almoxarifado 5 milhões de cartelas reprovadas no ano passado pelo controle de qualidade do ministério.
"As cartelas têm de ser trocadas com urgência porque ocupam espaço e custam dinheiro."
O Estado também não sabe o que fazer com 233 mil frascos de insulina regular que o Ceme destinou a São Paulo. Já foram entregues 90 mil, mas, por intervenção da secretaria, 50 mil deles foram remanejados para outros Estados.
O consumo anual do medicamento é de 11.505 frascos. Com estoque suficiente, o Estado não havia feito solicitação de insulina.
Também ocorreu excesso na entrega do medicamento Datsona (para hanseníase). São Paulo solicitou poucas cartelas por haver estoque bastante. Mas a Ceme enviou 1,1 milhão de unidades isoladas (sem estar na cartela) com validade para março de 98 -e prometeu enviar outra remessa com a mesma quantia e mesma validade.
"Para acabar com o problema, o secretário solicitou ao ministério que descentralize as compras dos medicamentos para que cada Estado priorize suas necessidades."

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