São Paulo, quinta-feira, 2 de outubro de 1997
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Israel liberta o fundador do Hamas

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Israel libertou ontem de madrugada o fundador do grupo extremista islâmico palestino Hamas, xeque Ahmed Iassim, 61, e o enviou para a Jordânia. O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, não foi informado da operação.
Um comunicado do Exército israelense disse que Iassim foi perdoado por causa de sua precária situação de saúde e foi levado de helicóptero pouco depois da meia-noite para Amã (capital da Jordânia), em resposta a pedidos do rei jordaniano, Hussein, de gestos positivos para reavivar o processo de paz árabe-israelense.
Arafat, que só soube da libertação após receber um telefonema do rei, saudou o acontecimento, mas chamou a transferência para a Jordânia de "expulsão". Os EUA saudaram a libertação e disseram que ela pode facilitar avanços no processo de paz.
Preso por Israel em 1989, Iassim estava cumprindo pena de prisão perpétua por ter fundado o Hamas e ordenado atentados de seus militantes contra alvos israelenses.
Segundo o comunicado israelense, Iassim tem "paralisia nos quatro membros e sofre de deterioração muscular, problemas respiratórios crônicos, infecções internas e problemas auditivos". De seu quarto de hospital em Amã, ele prometeu voltar à faixa de Gaza depois de receber tratamento médico. "Eu envio saudações para todo o povo palestino. Quero avisá-los de que estou indo para Gaza no futuro próximo", disse o líder espiritual do Hamas.
O ministro de Segurança Pública de Israel, Avigdor Kahalani, negou-se a dizer se seu país permitirá a volta de Iassim a Gaza.
A liberação de Iassim foi um embaraço para Arafat, que estava no Cairo (Egito) quando o anúncio foi feito. Um de seus assessores disse que Israel não o avisou de nada. Um membro do gabinete palestino, Imad al Falouji, ex-líder do Hamas, disse que a transferência de Iassim foi um "acordo suspeito, uma tentativa de ignorar a Autoridade Palestina".
Arafat fez da liberação dos cerca de 3.600 palestinos nas prisões israelenses uma de suas maiores prioridades. O tema está na agenda das negociações palestino-israelenses que serão retomadas na semana que vem, após interrupção de seis meses.
"Deus queira que isso seja o começo da libertação do resto dos irmãos detidos que ainda sofrem nas prisões sionistas", disse Arafat.
A rádio Israel afirmou que Israel já vinha estudando a libertação de Iassim por medo que sua morte na prisão desencadeasse distúrbios e atos de vingança na faixa de Gaza e Cisjordânia.
Líderes do Hamas em Gaza primeiro reagiram negativamente ao gesto israelense, chamando a libertação de "expulsão", mas depois a saudaram.
Nos dois últimos ataques terroristas assumidos pelo Hamas, em Jerusalém, 20 civis israelenses foram mortos. Panfletos reivindicando os atentados pediam a libertação dos prisioneiros palestinos. Líderes do grupo ontem prometeram continuar a campanha terrorista contra alvos israelenses.
Israelenses
O presidente israelense, Ezer Weizman, perdoou ou reduziu as sentenças de seis israelenses presos por ataques contra árabes. O indulto ou redução de penas é comum na véspera do Ano Novo judaico, ocorrida ontem. O gabinete do presidente não se pronunciou sobre o gesto.
Estações de rádio disseram que entre os libertados estão Zeev Wolf e Gershon Hershkowitz, que serviram quatro anos de uma pena de dez por terem participado de um ataque com granada na cidade velha de Jerusalém em 1992, que matou um palestino.
Yoram Skolnick, colono judeu condenado à prisão perpétua por matar um palestino na Cisjordânia em 1993, teve sua pena reduzida para 15 anos.

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