São Paulo, sexta-feira, 3 de outubro de 1997 |
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Audacioso, disco soa chique demais
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
O que acontece é o encontro de uma cantora que sempre pretendeu a sofisticação com a mais despudoradamente popular -e naturalmente sofisticada- de todas que o Brasil já teve. Choque OK, o choque há. Ainda que Olivia adapte sua voz ao samba -ou à voz impostada de Aracy-, não há como haver termo de comparação. É como, para citar Noel, tentar plantar palmeira do mangue em Copacabana. Tudo ainda soa chique demais, perdendo-se a espontaneidade da voz triste de Aracy. Isso torna-se até secundário no caso, porém. Pois, afinal, alguém volta seus olhos, nestes anos que correm, para a importância da pioneira e irascível musa de Noel Rosa. Jurada ranzinza Se em vida Aracy foi atirada ao limbo e reduzida, no imaginário popular, a jurada ranzinza do programa de calouros de Silvio Santos, depois de morta também não vem sendo de fato muito bem tratada. Se suas gravadoras -a Continental principalmente- não dão a Aracy a atenção devida (quem mais que Aracy merecia uma homenagem naquele formato caixa de luxo?), ao menos temos o esforço de Olivia em formigar o interesse pela dama. No mais, deixadas de parte as rusgas históricas, oferece-se aqui um banquete de canções insuperáveis da história popular nacional. É o caso, por exemplo, de "Fez Bobagem", de Assis Valente, "Engomadinho", de Claudionor Cruz e Pedro Caetano, "Menina Fricote", de Marília e Henrique Batista, ou "Rapaz Folgado", de Noel. (PAS) Disco: A Dama do Encantado - Tributo a Aracy de Almeida Artista: Olivia Byington Lançamento: MPB/WEA Quanto: R$ 18, em média Texto Anterior: Olivia Byington faz tributo incomum a Aracy de Almeida Próximo Texto: Klotzel filma 'Brás Cubas' pós-tropicalista Índice |
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