São Paulo, sexta-feira, 3 de outubro de 1997 |
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Defesa volta à tona em região pacífica
NEWTON CARLOS
O fato é que as questões de defesa e segurança voltaram a ter destaque num continente em paz, levemente maculado pela continuidade de "jogos de guerra" de um lado e outro da fronteira entre Peru e Equador, e numa hora de cooperação econômica sem precedentes. A concessão à Argentina, pelos EUA, do status de aliado preferencial provocou um deus-nos-acuda sobretudo no Chile, embora a embaixada americana em Santiago negue que o tratamento à Argentina, talvez prêmio a um aliado fiel, que mandou barcos à Guerra do Golfo, significará acesso automático a armamentos modernos. "A algum material de defesa sim", admitiu um dos comunicados diplomáticos a respeito. O comandante da Aeronáutica do Chile, general Fernando Rojas, já havia dito que a "modernização é imperativa e deve partir de uma Força Aérea com credibilidade, dissuasiva e poderosa". Numa reunião em Atlanta, EUA, de ex-presidentes latino-americanos, promovida por Carter, um dos temas foi a necessidade de se negociar algum acordo que impeça uma corrida armamentista milionária num continente tanto em paz como recheado de miséria. A decisão de liberar a Lookheed Martin para negociar jatos F-16 com o Chile resultou de pressões da indústria armamentista americana, com cobertura do Pentágono e de políticos, pedindo o fim da proibição decretada por Carter. Cem membros do Congresso, à frente os líderes republicano e democrata, Newt Gingrich e Lee Hamilton, assinaram declaração pró-suspensão. A proibição já fora "relaxada" com a venda de F-16 à Venezuela e sinal verde para que o Equador comprasse os jatos Kfirs, fabricados por Israel com componentes americanos. O compasso antiamericano da viagem do presidente francês, Jacques Chirac, à América Latina, e as compras de Mig-26 calcaram avisos de que compradores latino-americanos poderiam buscar outros vendedores. Há informações de que Chile e Argentina têm, cada um, US$ 1 bilhão para gastar com militares. A América Latina representa apenas 1,5% das compras mundiais de armas. Mas parece que planos de "modernização" são preparados a todo vapor. Texto Anterior: O arsenal argentino Próximo Texto: País é um aliado 'íntimo' dos EUA Índice |
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