São Paulo, sábado, 4 de outubro de 1997 |
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Para diplomacia, relação é "fluida"
JOÃO BATISTA NATALI
FHC disse, ontem, que os dois assuntos foram abordados na audiência em que recebeu o papa. Terá sido, a rigor, uma discussão bem mais amena que a pautada por João Paulo 2º, em fevereiro último, ao receber o presidente brasileiro na Santa Sé. Na ocasião, o papa mencionou, em seu discurso de boas-vindas, meio ambiente, aborto e eutanásia, ensino religioso em escolas públicas e dignidade da mulher. Também demonstrou, há quase oito meses, preocupação com a distribuição injusta de renda e com a minoria indígena, dois temas também presentes, anteontem, em seu discurso ao desembarcar no Rio. Os arquivos do Itamaraty registram o fato de, em fevereiro e a portas fechadas, FHC ter relatado ao papa medidas do governo para diminuir as desigualdades sociais e promover um respeito maior aos direitos humanos. Para a diplomacia brasileira, as relações com o Vaticano são "fluidas e singulares", sem a existência de temas geradores de conflito, como o comércio, ou que permitam aproximações institucionais, como o intercâmbio tecnológico. Um dos porta-vozes do Itamaraty, em contato ontem com a Folha, enfatiza dois pontos diplomaticamente complementares. 1 - Do ponto de vista brasileiro, o papa manifesta-se sem nenhum constrangimento, quando faz a defesa dos valores professados pela comunidade católica. 2 - Quando se trata de relações entre Estados, a Nunciatura Apostólica ("embaixada" da Santa Sé em Brasília) não se manifesta em circunstância alguma sobre decisões institucionais internas, como o projeto que tramita no Congresso sobre os casos em que o aborto pode ser praticado na rede pública de hospitais. Texto Anterior: João Paulo 2º e FHC discutem, a sós, problemas sociais do país Próximo Texto: Papa vê exagero em esquema de segurança e Exército muda tática Índice |
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