São Paulo, domingo, 5 de outubro de 1997
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Executivos planejam a decoração da casa

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O empresário Olacyr de Moraes, 66, do grupo Itamarati, deve se mudar no final do ano para um apartamento de 500 metros quadrados em São Paulo.
O estilo da decoração já está planejado e contará com o auxílio de uma decoradora: será "clean" ("detesto rococó", diz), prático e confortável.
"Hoje em dia, temos de ter um telão e objetos eletrônicos", diz o empresário que, desde a separação, há cinco anos, mora "provisoriamente" num apartamento.
E completa: "Não vou montar um apartamento de boy".
O estilo de Olacyr segue a tendência dos homens que decidem morar sozinhos, sejam solteiros ou separados.
"Os homens optam por móveis de estilo, gostam de cores claras e muito aparelho eletrônico", diz a decoradora Christiane Laclau Bally, especializada em montar residências masculinas no Rio.
Os executivos ainda prestam atenção a cada detalhe e costumam escolher móveis mais caros do que as mulheres e, principalmente, com design.
Um exemplo é o administrador de empresas Ricardo Rego, que mora no Rio num apartamento de 300 metros quadrados. Entre seus móveis, está uma poltrona da linha Le Corbusier, além de obras de arte.
"Comprei a poltrona pelo conforto e qualidade. Mas reconheço que o homem gasta mais para escolher um móvel assinado."
O toque da decoradora, conta Rego, foi o lavabo. A parede tem a cor mamão papaia, com piso branco. "Ficou diferente, mas gostei."
Detalhes
Outra característica masculina é a preocupação com os detalhes, diz o arquiteto João Armentano. "Eles estão interessados e perguntam todos os detalhes e fazem algumas loucuras."
Loucuras, no caso, são os clássicos dois chuveiros no mesmo banheiro e gastos com tecnologia.
As cozinhas, diz, também estão em alta. "Cerca de 80% dos homens querem uma cozinha bem transada."
"Estou quase ficando louco e já gastei 50% mais do que o planejado inicialmente", afirma o engenheiro Denoel Eller, diretor da Motorola. O gasto aumentou, entre outras coisas, porque ele decidiu substituir o gesseiro.
"O serviço dele não tinha qualidade", diz o engenheiro que, depois de conviver por muito tempo com uma caixa de papelão como criado-mudo, decidiu, em junho passado, decorar sua própria casa.
Ele encaixotou as coisas e se preparou para ficar 45 dias na casa do irmão. A obra já dura três meses e ele faz apostas com os amigos do trabalho quando conseguirá voltar ao apartamento.
Na nova divisão da casa, ele separou um quarto para montar um "home theater" vindo dos Estados Unidos.
No restante, a regra é praticidade. Na cozinha, por exemplo, os equipamentos para café da manhã estão sempre à mão e o apartamento ganha um armário para guardar as garrafas de uísque.
"Sou solteiro e quero uma casa que funcione." Ele diz que, se fosse casado, o apartamento seria diferente. "Talvez privilegiasse mais o quarto e não o 'home theater'."

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