São Paulo, domingo, 5 de outubro de 1997
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Sydney-2000 estoura despesas e receita

JOÃO BATISTA NATALI
ENVIADO ESPECIAL A SYDNEY

Ainda faltam mais de mil dias para a abertura da Olimpíada de Sydney. Mas já se sabe que não será só uma "confraternização esportiva universal" na Austrália, e sim um evento de showbiz -com menos show e mais business.
Os críticos dos Jogos Olímpicos argumentam que o encontro de 10.200 atletas de 200 delegações custará mais caro que o previsto ao contribuinte australiano.
O primeiro orçamento, de 1992, previa gasto de US$ 1,3 bilhão. A previsão já é de US$ 1,78 bilhão.
Só que as receitas também cresceram. O Socog (Comitê de Sydney para a Organização dos Jogos Olímpicos) contava com US$ 664 milhões em vendas de direitos de transmissão de TV.
Entretanto, só para os EUA -o maior mercado-, a cadeia NBC arrematou em leilão os direitos de exclusividade por US$ 715 milhões. Os europeus pagarão mais US$ 350 milhões, e os japoneses, outros US$ 135 milhões.
Além disso, um estudo da auditoria KPMG Peat Marwick revela que os Jogos trarão ao PIB (produção econômica nacional) US$ 7,3 bilhões. O país tem 18 milhões de habitantes. Dará US$ 400 a mais por pessoa. Só em empregos diretos, serão 150 mil.
No turismo, Sydney perderá para Atlanta (sede em 96). A cidade norte-americana atraiu 2 milhões de pessoas. A australiana só atrairá 1,3 milhão no ano 2000.
A Austrália fica a uma distância, para muitos, desencorajadora. Ela está a 20 horas de avião de Londres, 12 horas de Los Angeles, 19 horas de São Paulo.
Um outro argumento consiste em saber o quanto um turista gastará. Uma competição em Atlanta poderia ser assistida por um cidadão de um Estado norte-americano vizinho ao da Georgia por menos de US$ 500. Na Austrália, cada turista deverá gastar US$ 2.300.
Há, por fim, as vantagens que pesam sobre a imagem dos produtos australianos comercializados no resto do mundo. De colônia britânica onde há cangurus, a Austrália se tornará um país que produz, além de lã e minérios, motores e hardware de informática.
A auditoria KPMG diz que, a médio prazo, a Austrália ganhará US$ 3,5 bilhões com comércio externo.

O jornalista João Batista Natali viajou à Austrália a convite da ATC (Comissão Australiana de Turismo)

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