São Paulo, domingo, 5 de outubro de 1997
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Espetáculo quer afastar imagem inglesa

JOÃO BRATISTA NATALI
DO ENVIADO A SYDNEY

Sexta-feira, 15 de setembro do ano 2000. Algo em torno de 3,5 bilhões de pessoas estarão assistindo à cerimônia de abertura da 27º Olimpíada. Será no estádio da Vila Olímpica, em Sydney.
Os problemas de organização poderão estar superados.
Poucos se lembrarão que ecologistas protestaram contra o extermínio de sapos para a construção dos locais da competição, ou que, em seus primeiros quatro anos, o comitê organizador trocou duas vezes de presidente, por conta de divergências internas no governo da Nova Gales do Sul, Estado onde fica a cidade de Sydney.
"Vender" a última Olimpíada do milênio significa oferecer condições para que ela se torne, no mínimo, uma superprodução.
É o esporte como espetáculo. Não há ainda detalhes sobre a cerimônia de abertura. Mesmo os 5,5 milhões de ingressos só serão vendidos em 1999. É em junho daquele ano que estará pronto o estádio (US$ 831 milhões, gastos por um consórcio privado que terá direitos de arrendamento por 30 anos).
Desde já, no entanto, a mídia -peça fundamental em todo show- já tem sua infra-estrutura de atuação programada. Serão 15 mil jornalistas e técnicos de rádio ou televisão.
Na Vila Olímpica, alojamentos de todos os atletas e local de 14 das 28 modalidades em disputa, o centro de TV terá 50 mil metros quadrados e uma capacidade de geração de imagens que a Telstra, empresa australiana de telecomunicações, calcula que será maior que a de Atlanta, diante da ampliação do mercado mundial.
Para a imprensa escrita, haverá um centro com 620 cabines. As entrevistas serão feitas em auditório de 600 lugares.
O lado espetáculo também servirá para a Austrália tentar se dissociar da imagem de território ao sul da Ásia com afinidades culturais apenas britânicas.
Espetáculos de cultura aborígine já estão sendo organizados agora para, numa postura entre o exótico e o politicamente correto, reconhecer publicamente a existência de minorias culturais bastante maltratadas, a partir do século 19, pelos colonizadores ingleses.
(JBN)

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