São Paulo, domingo, 5 de outubro de 1997 |
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Espetáculo quer afastar imagem inglesa
JOÃO BRATISTA NATALI
Os problemas de organização poderão estar superados. Poucos se lembrarão que ecologistas protestaram contra o extermínio de sapos para a construção dos locais da competição, ou que, em seus primeiros quatro anos, o comitê organizador trocou duas vezes de presidente, por conta de divergências internas no governo da Nova Gales do Sul, Estado onde fica a cidade de Sydney. "Vender" a última Olimpíada do milênio significa oferecer condições para que ela se torne, no mínimo, uma superprodução. É o esporte como espetáculo. Não há ainda detalhes sobre a cerimônia de abertura. Mesmo os 5,5 milhões de ingressos só serão vendidos em 1999. É em junho daquele ano que estará pronto o estádio (US$ 831 milhões, gastos por um consórcio privado que terá direitos de arrendamento por 30 anos). Desde já, no entanto, a mídia -peça fundamental em todo show- já tem sua infra-estrutura de atuação programada. Serão 15 mil jornalistas e técnicos de rádio ou televisão. Na Vila Olímpica, alojamentos de todos os atletas e local de 14 das 28 modalidades em disputa, o centro de TV terá 50 mil metros quadrados e uma capacidade de geração de imagens que a Telstra, empresa australiana de telecomunicações, calcula que será maior que a de Atlanta, diante da ampliação do mercado mundial. Para a imprensa escrita, haverá um centro com 620 cabines. As entrevistas serão feitas em auditório de 600 lugares. O lado espetáculo também servirá para a Austrália tentar se dissociar da imagem de território ao sul da Ásia com afinidades culturais apenas britânicas. Espetáculos de cultura aborígine já estão sendo organizados agora para, numa postura entre o exótico e o politicamente correto, reconhecer publicamente a existência de minorias culturais bastante maltratadas, a partir do século 19, pelos colonizadores ingleses. (JBN) Texto Anterior: Sydney-2000 estoura despesas e receita Próximo Texto: Cidade parece canteiro de obras Índice |
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