São Paulo, domingo, 5 de outubro de 1997 |
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Sucessão na Fifa
RODRIGO BERTOLOTTO
O primeiro trabalhou como administrador de uma empresa de pavimentação. O segundo diz se sustentar com uma loja de ferragens e material de construção. Eles são vice-presidentes da Fifa: Lennart Johansson e Julio Grondona, os mais próximos de suceder em 1998 a João Havelange na presidência da máxima entidade do futebol mundial, por onde circulam US$ 200 bilhões anuais -o equivalente ao Produto Interno Bruto da Suécia. Se depender dos esforços de Havelange, essa eleição será um confronto entre Europa e América. Até agora, Johansson, rival de Havelange, é o único assumidamente em campanha, mas o dirigente brasileiro quer, de qualquer forma, fazer seu sucessor após seis mandatos e 24 anos de poder. Havelange disse que não vai mais se candidatar, e poucos analistas pensam o contrário. O problema é que o fiel Grondona não quer se arriscar além da fronteira de seu país, onde preside a AFA (Associação de Futebol Argentino). "Ele é um grande líder, um grande amigo. É como um irmão", afirmou Havelange ao lançar o nome de Grondona para a eleição. O brasileiro planeja juntar os aliados americanos e africanos para enfrentar os delegados europeus e grande parte dos asiáticos que apóiam Johansson, presidente da Uefa (em português, Confederação Européia de Futebol). O sueco ensaiou enfrentar Havelange em 1994, que acabou candidato único com 164 dos 178 votos. O grande trunfo de Johansson foi transformar a Copa dos Campeões, que reúne os campeões e alguns vices da Europa, no terceiro torneio mais lucrativo do mundo, depois da Copa e da Eurocopa. Sua jogada mais bem-sucedida, em 1996, foi a aprovação da Copa-2002 dividida entre Japão e Coréia do Sul, proposta européia. A decisão fortaleceu Johansson e debilitou Havelange. Mas o sueco também ganhou fama de pouco diplomático, como em 1996, quando disse na África do Sul: "Sou incapaz de enxergar pessoas negras num quarto escuro". Outra frase do favorito na eleição: "A Europa atingiu um estágio em que pode viver sem a América do Sul, mas a América do Sul não pode viver sem a Europa". Já Grondona tropeça em seu provincianismo, não fala outro idioma que não espanhol e planeja seguir na AFA. Só a pressão de Havelange pode mudar suas intenções. Correndo por fora, há o secretário-geral Joseph Blatter, que articula politicamente durante todo o tempo na sede suíça da Fifa. Um fator de barganha serão as candidaturas para a Copa de 2006. Johansson a quer na Alemanha ou Inglaterra. O grupo de Havelange prefere Marrocos ou África do Sul. O presidente da Fifa terá que imaginar como administrar o futebol do próximo século, com a expansão do futebol de salão, do feminino, das categorias de base e da evolução do profissionalismo. A Folha traz entrevistas com os principais oponentes na corrida pelo cargo máximo da Fifa. Texto Anterior: O MELHOR DA LITERATURA DO FUTEBOL Próximo Texto: Johansson prega a modernização Índice |
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