São Paulo, domingo, 5 de outubro de 1997
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Johansson prega a modernização

Sueco leva em conta diferenças continentais

MARTA AVANCINI
DE PARIS

O futebol tem de se modernizar para entrar no século 21. Essa é a opinião do sueco Lennart Johansson, atual presidente da Uefa e candidato declarado à presidência da Fifa.
Mas Johansson evita detalhar essa modernização, alegando que suas propostas ainda têm de ser apresentadas às federações.
Essas, segundo ele, terão um papel fundamental no futebol do futuro, cuja concepção deve levar em consideração as diferenças regionais e, até, continentais.
Leia, abaixo, a entrevista que o presidente da Uefa concedeu à Folha por fax.
*
Folha - O sr. pretende se candidatar à presidência da Fifa em 1998? Quais são suas propostas?
Lennart Johansson - No ano passado, deixei claro que minha intenção é atender à demanda de diversas associações nacionais e concorrer às eleições para a presidência da Fifa. Durante o processo, vou apresentar meus pontos de vista e minha visão sobre o futuro a todas as federações nacionais. Mas meu primeiro passo será, obviamente, informar todas as confederações sobre tudo, antes de ir a público.
Folha - Como o sr. vê a lei Pelé?
Johansson - Antes de mais nada, seria incorreto de minha parte interferir em assuntos brasileiros, principalmente porque eu não estou familiarizado com os detalhes das mudanças que estão sendo propostas. Eu conheço Pelé, e ele sempre demonstrou sua competência e amor pelo futebol. Além disso, ele sempre foi um grande embaixador do 'fair play', tanto dentro quanto fora do campo. Eu sempre admirei Pelé como profissional e como homem.
Folha - Qual é a opinião do sr. sobre a eventual exclusão do Brasil da Copa de 1998?
Johansson - É importante compreender o processo de uma eventual exclusão. Essa decisão não está nas mãos de uma única pessoa. A Fifa tem regras e regulamentos, e o órgão competente para tomar decisões é o Comitê Executivo, do qual eu sou membro na qualidade de vice-presidente da Fifa. Dito isso, eu tenho certeza que o mundo todo iria chorar se o Brasil não participasse. Não só porque eles são os atuais campeões, mas também por tudo que eles fizeram pela história do futebol mundial.
Folha - Enquanto membro da Fifa, o sr. pretende fazer algo contra alguma medida tomada pelo presidente João Havelange?
Johansson - Eu tenho muito respeito pelo presidente da Fifa e se tiver alguma coisa para tratar com ele, eu o farei cara a cara.
Folha - Como o sr. vê o futebol do século 21 no que se refere a estruturas, relações entre clubes e jogadores e administradores?
Johansson - Como já disse, minha prioridade número um é discutir o futuro do jogo com as confederações. Muitas coisas têm de ser feitas a fim de modernizar o futebol. Eu estou convencido de que, no futuro, as confederações terão um papel fundamental no desenvolvimento e na consolidação do futebol mundial e é por isso que eu defendo um maior diálogo entre elas. Por um lado, nós temos que basear sempre nossas políticas no amor pelo futebol. Por outro, o futebol não pode ser isolado do contexto social, que pode variar consideravelmente de um país para outro. O que eu não quero fazer, antes de contatar as confederações, é verbalizar minhas propostas pessoais em público porque elas podem ser mal interpretadas como decisões prévias.
Folha - Como o sr. vê a possibilidade de candidaturas de Beckenbauer e Platini?
Johansson - Eu tenho grande respeito por ambos e por suas contribuições, enquanto jogadores, ao futebol. Nós temos um sistema verdadeiramente democrático, então, se existirem associações que apóiam personalidades a concorrerem à presidência da Fifa, nós teremos mais de um candidato.
Folha - As próximas eleições da Fifa podem ter candidatos da América do Sul. O sr. acha que isso pode se tornar uma disputa entre América e Europa?
Johansson - De maneira alguma. Nós, europeus, sempre tivemos uma cooperação maravilhosa com nossos parceiros tradicionais na América do Sul e não creio que haverá qualquer mudança no relacionamento.

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