São Paulo, domingo, 5 de outubro de 1997
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Ação do Mossad falha e expõe Netanyahu

The Independent
de Londres

PATRICK COCKBURN
EM JERUSALÉM

Na quinta-feira da semana passada, dois homens usando passaportes canadenses tentaram assassinar um líder do Hamas na Jordânia. O rei Hussein da Jordânia acredita que os dois, detidos em Amã, a capital do país árabe, são agentes do Mossad (serviço de inteligência israelense). A imprensa israelense liga cada vez mais a tentativa de assassinato à libertação por Israel do fundador do Hamas, o xeque Ahmed Iassim, na quarta-feira passada.
Tudo começou às 7h15 de 25 de setembro, no bairro de Hila el Ali, em Amã, quando Khalid Mechal, chefe do escritório político do Hamas (Movimento de Resistência Islâmico), entrava no prédio em que trabalha. Estava acompanhado de três de seus sete filhos e alguns seguranças.
Na entrada, dois homens se aproximaram. Um deles rapidamente tocou o peito de Mechal com o que foi descrito como "um aparato". Mechal gritou de dor e caiu no chão. Seus seguranças atacaram os dois homens, quebrando os óculos de um deles.
Os homens de Mechal, porém, não conseguiram impedir que eles fugissem num carro que levaria outros três homens.
Os seguranças os perseguiram e depois de quase 2 km os alcançaram. Houve uma briga, na qual um dos dois atacantes de Mechal ficou ferido.
Não houve disparos de tiros. A polícia jordaniana viu a confusão e prendeu todos os envolvidos.
Passaportes canadenses
No posto policial ficou esclarecido que os dois homens presos levavam passaportes canadenses (depois declarados falsos pelo governo do Canadá) e estavam hospedados no luxuoso hotel Intercontinental.
Dois outros canadenses que estavam hospedados junto com eles não voltaram mais ao hotel, abandonando a bagagem e podem ser os outros homens que estavam no carro. Quando funcionários canadenses visitaram os homens na cadeia, eles disseram que não queriam assistência diplomática. O nome dos canadenses não foram revelados.
Enquanto isso, Mechal foi levado ao hospital. Ele sentiu tonturas e náusea e vomitou. No hospital, ele começou a sentir problemas respiratórios, que o levaram a usar um respirador.
No início da semana, a imprensa israelense disse que um furioso rei Hussein, da Jordânia, telefonou para o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, exigindo saber que tipo de veneno foi usado pelos agentes israelenses em Mechal para que o antídoto correto pudesse ser usado pelos médicos jordanianos.
Israel não admitiu nem negou estar por trás da tentativa de assassinato, mas rádios israelenses disseram que o príncipe-regente Hassan negociou a troca do xeque Iassim pelos agentes do Mossad.
Tentativas de assassinato
Tentativas de assassinato do Mossad não são novidade.
Uma das mais recentes ocorreu em outubro de 1995, quando a organização foi acusada de ter assassinado Fathi Chikaki, líder da Jihad Islâmica, outro grupo que comete atos terroristas em Israel.
Negando a troca com Israel, o governo jordaniano diz que os dois homens serão julgados. Se o Mossad estiver realmente envolvido, o ataque contra Mechal terá sido seu mais desastroso incidente da história. Como Netanyahu deve ter autorizado uma operação desse tipo, a reputação do premiê também será abalada.

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