São Paulo, domingo, 5 de outubro de 1997
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meu filho é adotado

FRANCISCO B. ASSUMPÇÃO JR.

Por não conseguir engravidar, há sete anos adotei uma criança. Alguns meses mais tarde, engravidei de uma menina. Quando tento contar para ele sobre sua adoção, ele reage mal, dizendo que, se fosse adotado, iria procurar sua mãe verdadeira. Sei que preciso contar, mas como? (Maria Cristina)
É impossível que uma criança não descubra o fato, por meio de outras pessoas ou por conta própria. Mas não há uma idade certa para contar para a criança. Deve-se falar aos poucos, o quanto antes e da forms mais natural possível.
A descoberta é desagradável, porque, apesar de a mãe adotiva tratá-la com amor, é impossível que ele não pense que sua mãe real não o queria. Ao dizer que vai procurá-la, além da curiosidade envolvida, existem revolta pelo abandono e a busca de explicações.
Essa revolta inicial continuará por um bom tempo, até a criança aprender a lidar com o fato. A atitude descrita é compreensível, pois reflete uma negativa diante de algo doloroso, que ela prefere evitar. Os pais podem deixar o assunto de lado por um período, mas deverão retomá-lo.
Ela precisará de tempo e apoio (da mãe e, muitas vezes, de um profissional especializado) para superar a descoberta, traumática para as crianças, que querem ser o ponto mais importante de seu universo familiar.
Diretor do Serviço de Psiquiatria Infantil do Hospital das Clínicas
Perguntas devem ser enviadas por carta ou fax para Revista da Folha, al. Barão de Limeira, 425, 8.o andar, CEP 01290-900, SP. Fax (011) 224-4261.

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