São Paulo, segunda-feira, 6 de outubro de 1997
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KPMG afirma que situação mudou

Empresas de auditoria negam irregularidade

FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Lino Campion, sócio da KPMG, afirma que todos os procedimentos de auditoria e contabilidade foram adequados no caso do Banco Nacional.
"O organismo técnico que tem condições de julgar é o Conselho Regional de Contabilidade, do Rio. E o conselho arquivou o processo", diz Campion.
Quanto ao parecer de junho último, reformulando a opinião da KPMG, Campion diz que eram situações diferentes: "Obviamente, depois de o Unibanco ter comprado a parte do Nacional, as demonstrações financeiras estavam bastante modificadas, porque já era outra empresa".
Ele diz que o parecer trimestral de setembro de 1995 saiu com ressalva relativa à continuidade das operações do Nacional.
Campion nega que tenha havido negligência ou conivência. Diz que houve revisões de qualidade e que a contratação, pelo cliente, de profissionais da empresa de auditoria é comum.
"O problema é que o trabalho de auditoria não pega uma fraude envolvendo toda a diretoria. Acidentalmente, você pode pegar quando alguém delata. No caso, foi o Clarimundo (Sant'Anna) que delatou", diz.
Econômico
George Roth, presidente da Ernst & Young, diz que não houve nenhuma novidade que modificasse suas declarações anteriores. "Nós não temos realmente nada a falar. Deve-se enfatizar as coisas positivas", sugeriu.
Em 96, em entrevista à Folha, Roth disse que "todo o processo de auditagem do Econômico foi feito a 'três mãos', envolvendo não somente os administradores do banco, mas o próprio BC".
"Não cabia nenhuma menção no parecer além do que mencionamos", afirma.
Cesario Coimbra Neto, vice-presidente da Companhia Cacique de Café Solúvel, diz que o grupo reconheceu que precisava de um auditor qualificado. "A contratação da Directa foi uma decisão sem qualquer pressão externa, não houve nenhuma interpelação da CVM pedindo que nós mudássemos de auditor."
Para Coimbra, a decisão "foi de responsabilidade da administração, que quis um profissional mais eficiente, embora o anterior prestasse serviços importantes, contratado há 30 anos, quando a companhia começou".
Ele diz que, também por iniciativa própria, o grupo está substituindo a Directa pela Trevisan, dentro de um processo de busca de maior controle na apuração.
O Banco Cacique é auditado pela Ernst & Young. Coimbra diz que, "com certeza, o grupo também tinha auditores internos, mas sua atuação tem abrangência diferente".
Soteconti
Marcelo Conti, diretor da Soteconti, diz que não costuma trabalhar para os mesmos clientes: "A consultoria pode ser contratada pela empresa de empreendimentos, e a auditoria, pela firma administradora do hotel".
"O fato de fazer uma auditoria operacional e sugerir implantar certos controles faz parte da própria auditoria. Os clientes não querem mais o auditor que só indica o que está errado. Quer o consultor que uniformiza os planos", diz. "Não vejo conflito."
Antoninho Marmo Trevisan, da Trevisan Auditores, diz que há muito tempo optou por não oferecer serviços de consultoria a empresas que audita.
Ele confirma que um dos sócios, em Recife, assinou o demonstrativo financeiro antes da conclusão de seu processo de registro na CVM. Disse que se trata de um diretor de normas técnicas do Ibracon (entidade que reúne os contadores).
Quanto à publicação de demonstrativo com divergência em relação ao auditado, a empresa reconheceu o erro, pagou a multa e não quis recorrer.
O auditor José Fernando Boucinhas encontrava-se em viagem quando procurado pelo jornal.
Roberto Bianchessi, diretor da Bianchessi Auditores, foi procurado pela Folha e não respondeu ao pedido de entrevista feito à sua secretária, em São Paulo.
A Folha fez vários pedidos de entrevista ao presidente do Conselho Federal de Contabilidade, José Maria Martins Mendes, por meio de suas secretárias em Brasília e em Fortaleza. Mendes, porém, não atendeu às ligações.
(FV)

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