São Paulo, segunda-feira, 6 de outubro de 1997
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Oposição reconhece dificuldade para afastar governador de SC

Afastamento de Vieira pode ser votado amanhã

FÁBIO ZANINI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FLORIANÓPOLIS

Os partidos de oposição ao governador de Santa Catarina, Paulo Afonso Vieira (PMDB), já admitem que será difícil afastá-lo do cargo na votação que deve ocorrer amanhã ou quarta na Assembléia.
Vieira está indiciado por crime de responsabilidade por supostas irregularidades na emissão de títulos públicos.
Levantamento feito pela Folha na semana passada mostrou que a oposição ainda precisa de quatro votos para afastar Vieira. Dos 27 votos necessários para aprovação do afastamento, a oposição tem 23 -6 deputados estão indecisos e 11 votarão com o governador.
"Conversas de bastidores e negociatas que tenho escutado naturalmente trazem pessimismo", disse o presidente da Assembléia, Francisco Kuster (PSDB), um dos mais empenhados em que o impeachment tenha sucesso.
Além de possíveis dissidências nos partidos de oposição, a oposição está preocupada com a apatia da população em relação ao assunto. "A sociedade está cansada e desencantada. Existe a convicção da culpa do governador, mas há uma forte descrença no afastamento, o que, sem dúvida, nos prejudica", afirmou o líder do PPB na Assembléia, Eni Voltolini.
A oposição avalia que houve um forte sentimento pró-afastamento na primeira votação do impeachment, em 30 de junho, mas que não está se repetindo agora.
O afastamento foi aprovado por 29 votos a 11, mas uma liminar do Supremo Tribunal Federal manteve Vieira no cargo, fazendo o processo se arrastar e provocando o desinteresse da população.
"A sociedade percebeu que a tentativa de afastar o governador é política. Estou seguro de que já temos os votos necessários", disse o líder do governo na Assembléia, Herneus de Nadal (PMDB).
Reunião do PFL
Hoje, os oito deputados do PFL se reúnem para decidir a posição da bancada. Quatro pefelistas querem rever diretriz definida em junho que determina o voto favorável ao impeachment.
O líder da bancada, Onofre Agostini, e os deputados César Souza, Ciro Roza e Wilson Wan-Dall argumentam que a diretriz está "prejudicada", pois a defesa do governador teria sido cerceada durante o processo. Caso a diretriz seja revogada, eles poderão votar com o governo.
Apesar das dificuldades, os partidos de oposição ainda mantêm a esperança e contam com um trunfo: ameaçam expulsar os dissidentes, que ficariam, assim, sem legenda para tentar a reeleição.

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