São Paulo, segunda-feira, 6 de outubro de 1997
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Dixie está embrulhada, mas tem potencial

VANESSA ADACHI
DA REPORTAGEM LOCAL

Ela não está explodindo nas Bolsas. Seu desempenho chega até a ser decepcionante. Mas analistas acreditam que a empresa promete muito para 1998.
Os papéis da Dixie Toga, maior fabricante de embalagens do país, acumulam desvalorização de 24% desde o início do ano.
Seu resultado em 97 também não deverá ser nada animador. Nas projeções do Banco Patrimônio, o lucro deste ano deverá ser de R$ 4,1 milhões, bem abaixo dos R$ 14,7 milhões de 96.
O próprio Patrimônio, porém, recomenda comprar Dixie Toga PN. O mesmo fazem o Bozano, Simonsen e a Corretora Síntese.
Esse resultado ruim, dizem os analistas, esconde justamente o seu maior trunfo: a política agressiva de fusões e aquisições.
"O mercado está avaliando mal as ações da Dixie Toga", afirma Pedro Martins, analista do Patrimônio. Segundo ele, essa estratégia de aquisições gera, num primeiro momento, forte alta em seus custos.
"Cada aquisição gera impacto negativo nos meses seguintes. O próprio enxugamento do quadro de funcionários representa despesas inicialmente", diz Martins.
Mas o conselho dos analistas é claro: o negócio é comprar agora porque 1998 promete ser o ano que, finalmente, as aquisições começarão a dar resultados.
Tem sido praxe entre as líderes do setor de embalagens do mundo todo a busca por consolidação via aquisições.
A idéia é fechar o maior número de portas possível para dificultar o ingresso de concorrentes de peso e, ao mesmo tempo, tornar-se alvo da cobiça desses concorrentes.
"A Dixie já é a grande líder do setor de embalagens do Mercosul. Ela aumentou muito suas vendas via aquisição de outras empresas", diz Marco Antonio Bon, analista da Corretora Síntese.
Para Martins, a má avaliação da situação da Dixie gerou uma distorção muito grande no preço do papel, criando uma boa oportunidade de compra.
Na sexta, Dixie Toga PN estava cotado a R$ 59 o lote de mil, com recuperação de 18% nos últimos 30 dias, período no qual foram produzidas as recomendações de compra das três instituições.
Bon, da Síntese, acredita que a ação ainda tem um "upside" (potencial de alta) de 40%. "Mas isso é para 98", ressalva ele.
Quando se fala de Dixie Toga, hoje, diz Marco Bon, o assunto é estratégia e perspectivas. "Não dá para falar em resultados e o papel não deve subir mais do que o índice da Bolsa até o final do ano."
Ricardo Mollica, analista do West Merchant, discorda dos demais. Para ele, o momento para comprar Dixie Toga ainda não chegou, mas está próximo.
"O mercado de consumo de bens não-duráveis precisa voltar a ficar aquecido e os investimentos da empresa têm que maturar", argumenta Mollica.
O caminho das fusões e aquisições começou há muitos anos. Primeiro, a Dixie adquiriu a Lalekla -fabricante de produtos de higiene e limpeza para empresas- e, depois, a Toga.
Em dezembro de 95, a Dixie Toga colocou o pé na Argentina, comprando o controle da American Plast, fabricante de embalagens rígidas (exemplo: potes de sorvete).
"Com isso, a empresa tornou-se líder do segmento na Argentina, Paraguai e Uruguai", diz Bon.
Em dezembro do ano passado foi a vez da Impressora Paranaense, forte em embalagens semi-rígidas (exemplo: caixa de sabão em pó).
Sua última aquisição foi a Itap, mais precisamente a divisão de embalagens flexíveis (pacotes de biscoito e salgadinhos etc.).
Ao final de todos esses negócios, estima-se que em 98 a Dixie terá um faturamento de R$ 500 milhões, bem acima dos R$ 270 milhões do ano passado.
O processo de aquisições, no entanto, trouxe contrapartida negativa que tem prejudicado a análise e, consequentemente, o desempenho do papel: a falta de um histórico comparável de balanços.

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