São Paulo, segunda-feira, 6 de outubro de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Ridley Scott instiga militarismo de saias
ADRIANE GRAU
Confirmando-se como mestre futurista, ele lançou o filme que se tromou cult "Blade Runner - O Caçador de Andróides" apenas três anos depois. "Nós inventamos o gênero", diz o cineasta. Assim como "Thelma & Louise", de 1991, ele volta a explorar o machismo reacionário que promove atitudes extremas. Em "Até o Limite da Honra", Demi Moore é a recruta G.I. Jane, a primeira mulher a ser aceita para treinamento pela Seal, a tropa de elite da marinha norte-americana. Ridley Scott conversou com a reportagem da Folha enquanto se recuperava de uma crise de dores na coluna, em meio ao escaldante verão de Los Angeles. * Folha - O sr. pretende voltar a fazer ficção científica? Ridley Scott - Sim, mas não vou me repetir. Vou fazer "I Am a Legend", com Arnold Schwarzenegger no papel principal. Ele será o único sobrevivente com saúde na Terra dominada por mutantes que não suportam ver a luz do sol. É mais ou menos a mesma história de "Last Man Standing", feito com Vincent Price, em 1964. Folha - Parece que seres humanos ultra-resistentes são um tema recorrente em sua obra. G.I. Jane é uma mulher excepcional, por exemplo. Scott - Pode ser, a idéia de seres humanos que são mais que seres humanos é sedutora. Folha - O sr. aprova a ficção científica feita atualmente em filmes como "O Enigma do Horizonte" (que estréia dia 17 no Brasil) e "O Quinto Elemento"? Scott - Acho que, em geral, estão abusando do gênero. Os avanços tecnológicos dominam os enredos e acabam encarcerando os diretores. Folha - Mas o sr. não se sente tentado a usar recursos avançados em seu próximo filme? Scott - Sim, mas com comedimento. O que me atraiu no roteiro de "I Am a Legend" é que não é exagerado. Folha - O sr. tem feito muitos comerciais para televisão. É um campo satisfatório? Scott - Fazendo comerciais, tenho orçamentos altíssimos e posso experimentar técnicas que comprometeriam um filme. Adoro fazer comerciais. Uma, duas semanas de trabalho e pronto. Cada vez que penso em começar um longa-metragem, sei que não vou viver por quase um ano, apenas trabalhar. Folha - É verdade que o sr. mesmo faz desenhos das cenas que vai filmar? Scott - Sim, pois estudei arte durante sete anos e consigo desenhar bem o bastante. É a parte mais importante do processo de dirigir, ser capaz de explanar minhas idéias visualmente. E adoro sentar em frente ao papel em branco e deixar minhas idéias fluírem livremente. É melhor que tentar usar uma máquina de escrever. Folha - Por que usar uma frase tão forte e grosseira como "Suck my dick!", gritada por Demi Moore durante a briga no filme? Scott - Seria grosseira se fosse usada gratuitamente, mas não é o caso. Teve um contexto importante que a justifica dentro do filme. Não esqueça que a história foi escrita por uma mulher, sobre uma mulher. Espero que sirva para as mulheres. Texto Anterior: Mulher manda na comédia Próximo Texto: Demi Moore veste farda em "Até o Limite da Honra" Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |