São Paulo, terça-feira, 7 de outubro de 1997 |
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Efeito de 82/83 ajuda pesquisa
RICARDO BONALUME NETO
Essa avaliação foi feita na última reunião do Programa Mundial de Pesquisa Climática, em agosto passado, em Genebra. O El Niño é o aquecimento das águas do Pacífico ao longo da costa oeste sul-americana. Artigo publicado na última edição da revista científica americana "Science" lembra as dificuldades: prever o tempo com precisão só é possível em uma escala de tempo de duas semanas, devido à variabilidade intrínseca da atmosfera. A atual previsão do fenômeno só foi possível porque o violento El Nino de 1982-83 foi uma completa surpresa para os pesquisadores. Foi o impulso que faltava para a realização de programas de pesquisa que suprissem as necessidades básicas: melhores dados climáticos e melhores modelos que simulassem o complexo relacionamento entre oceano e atmosfera. Os desastres de 82-83 deram um forte impulso ao programa internacional de pesquisa conhecido como TOGA (Tropical Ocean Global Atmosphere). O programa terminou oficialmente em 94, mas criou uma infra-estrutura de captação de dados que alavancou a previsão de tempo em escala sazonal. Como toda mudança climática, o El Niño pode afetar a agricultura para o bem ou para o mal. Há pontos do planeta que terão menos chuvas, outros, excesso. A agricultura dos EUA pode perder algo como US$ 9,5 bilhões por causa de um El Niño, segundo a agência americana NOAA (Administração Nacional do Oceano e da Atmosfera). No Brasil, os modelos de previsão climática do CPTEC (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos) e do NCEP (Centro Nacional de Previsões Ambientais) indicam, para outubro e novembro, chuvas acima da média na região Sul. Já ao norte de Minas Gerais, em toda a região Centro-Oeste (com exceção do Mato Grosso do Sul), regiões Norte e Nordeste estão previstas chuvas abaixo da média. Os pesquisadores lembram que "diferentes modelos de previsão indicam diferentes intensidades de anomalias de chuva negativas e positivas sobre o país, porém, eles concordam qualitativamente nas anomalias positivas no Sul e negativas no Norte e Nordeste". Texto Anterior: El Niño altera o plantio da safra de verão Próximo Texto: Pesquisador diz que fenômeno não justifica "nenhuma histeria" Índice |
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