São Paulo, quarta-feira, 8 de outubro de 1997
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Assembléia decide hoje futuro de Vieira

FLÁVIO ARANTES
FÁBIO ZANINI

FLÁVIO ARANTES; FÁBIO ZANINI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FLORIANÓPOLIS

Deputados de Santa Catarina vão decidir se o governador será ou não afastado temporariamente

O governador de Santa Catarina, Paulo Afonso Vieira (PMDB), disse ontem estar tão convicto de sua absolvição no processo de impeachment que já tem compromissos agendados até o final da semana. Amanhã, Vieira pretende inaugurar uma feira agroindustrial em Chapecó e, na sexta, quer visitar seis municípios na região do Alto Vale do Itajaí.
O futuro político de Vieira será decidido hoje, em uma votação na Assembléia. A sessão começa às 9h. Para afastar o governador temporariamente e dar continuidade ao processo, a oposição precisa do "sim" de 27 deputados (são 40 no total). Porém apenas 23 votos estão garantidos. Já Vieira precisa de 14 deputados -3 além dos 11 que o PMDB já tem assegurados.
A votação será definida por seis deputados que, em tese, são de oposição, mas têm dados sinais de aproximação com Vieira.
César Souza, Ciro Roza, Onofre Agostini, Wilson Wan-Dall (PFL), Jaime Mantelli (PDT) e Jorginho Melo (PSDB) não querem antecipar o voto, o que aumenta a desconfiança da oposição. Caso três dos possíveis dissidentes votem com o governo, abstenham-se ou simplesmente não compareçam à sessão, o processo será arquivado.
Os seis têm sido favorecidos e assediados pelo governador desde a primeira votação, em 30 de junho.
Um dos mais cortejados é Mantelli, ex-relator do processo. Em julho, ele intermediou um aumento de 55% dado à PM, sua maior base eleitoral. Já Melo tem ligações políticas com a nova diretoria do Besc (o banco estadual), substituída pouco após a primeira votação.
A resistência no PFL deve-se ao fato dos quatro indecisos -metade da bancada- terem ainda vários cargos comissionados no governo, já que o partido apoiou Vieira até o início deste ano.
A oposição tem seus trunfos. Anteontem foi divulgada carta de Jorge Bornhausen, presidente licenciado do PFL, convocando o partido a votar contra Vieira. A carta pede que o líder do PFL, Agostini, leia em plenário a diretriz pró-impeachment tomada em junho.
"O líder da bancada não vai querer desmoralizá-lo em público", disse Julio Teixeira, pefelista favorável ao impeachment. Agostini não compareceu ontem à Assembléia e ameaça fazer o mesmo hoje.
A votação dos processos de Vieira, do ex-secretário de Fazenda Paulo Paraíso e do ex-procurador-geral do Estado João Carlos Hohendorff deve começar às 13h. A situação do vice, José Augusto Hulse, ficará suspensa até a Justiça decidir o quórum necessário para abertura de processo contra ele.

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