São Paulo, quarta-feira, 8 de outubro de 1997
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Casa Branca não define roteiro

DE WASHINGTON

Até ontem, a agenda da visita do presidente Bill Clinton a Venezuela, Brasil e Argentina, que começa no domingo, ainda era provisória.
Isso dá uma idéia de como funciona a Casa Branca, sede do governo dos EUA, na atual administração: muita gente, atrasos, decisões de última hora, confusão.
Entidades acostumadas com um sentido mais estrito de ordem, como o Departamento de Estado ou o Itamaraty, entram em desespero quando têm de lidar com a Casa Branca nessas viagens.
Ainda não está certo, por exemplo, se Clinton vai fazer uma escala técnica na volta de Buenos Aires para Washington e, se fizer, onde.
Há pressão da parte de setores do Departamento de Estado para que ele pare em Manaus para um "evento ambientalista". Esse evento havia sido previsto para Foz do Iguaçu. Mas houve polêmica sobre o lado da fronteira (brasileiro ou argentino) que Clinton visitaria e a idéia foi arquivada.
O Rio quase ficou de fora também. Clinton queria muito jogar golfe no Gávea Golfe Clube, que lhe havia sido recomendado como um dos mais bonitos do mundo. Mas o Gávea foi vetado porque se alegou que ele proíbe jogadores japoneses, e o Japão poderia se ofender se Clinton fosse lá -o Rio por pouco não caiu junto com ele.
A Casa Branca parece ter feito uma divisão temática da viagem para Clinton. Na Venezuela, o tema principal será democracia. No Brasil, educação. Na Argentina, cooperação internacional.
Os argentinos querem que a concessão do status de "aliado militar íntimo" seja enviada formalmente ao Congresso norte-americano antes da chegada de Clinton a Buenos Aires. Entre outros países, o assunto causa mal-estar.
O secretário-assistente Jeffrey Davidow repetiu ontem que outras nações latino-americanas podem receber essa distinção. Mas o Brasil já deixou claro que não está interessado e o Chile também não quer tratar do assunto, pelo menos por enquanto, e pode até cancelar a compra de jatos modernos que pretendia fazer nos EUA.

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