São Paulo, quarta-feira, 8 de outubro de 1997
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Sequestro de estudante acaba após 48 dias

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

A estudante Natalie Gutglass, 16, foi libertada anteontem, às 11h45, após ficar 48 dias em cativeiro. A família disse ter pago resgate de R$ 68 mil aos sequestradores.
O dinheiro foi entregue em São Paulo. Natalie foi deixada no Ipiranga (zona sudeste de São Paulo). A estudante é filha de Marcelo Gutglass, um dos principais executivos da holding Playcenter S/A.
Ele é diretor de uma das empresas da holding, a Playland, que tem parte das ações da Playcenter, que controla parques em São Paulo, Minas Gerais e Pernambuco.
Os Gutglass não deram entrevista. "Todo mundo que é pai pode imaginar como a família sofreu e o desgaste emocional por que ela passou", afirmou o porta-voz da família, Valdomiro Carvas Junior.
Natalie foi sequestrada, pouco depois de sair de casa, por três homens. Ela estava a caminho da escola em uma Parati dirigida por um funcionário da família. Era a manhã de 19 de agosto. O carro foi fechado por um Gol na rua Tefé, no Sumaré (zona noroeste).
Os sequestradores desceram e a retiraram do carro. Ela foi colocada no Gol e levada ao cativeiro. Pouco depois, a família recebeu o telefonema dos sequestradores. Eles exigiram R$ 8 milhões.
A família informou a Deas (Delegacia Anti-Sequestro) sobre o caso pouco antes de os sequestradores exigiram que a imprensa e a polícia não fossem avisados.
Num outro telefonema dos sequestradores, a família lhes informou quais os remédios que Natalie deveria tomar diariamente no cativeiro. A adolescente tem uma deficiência congênita no braço esquerdo e depende da medicação.
A negociação com o sequestradores foi feita, principalmente, por telefone. A família fez uma primeira contraproposta, e os sequestradores baixaram o valor do resgate para R$ 2 milhões.
Depois, foi feita uma nova contraproposta e, novamente, o valor do resgate foi diminuído. O último valor que teria sido acertado antes do pagamento estaria entre R$ 200 mil e R$ 550 mil, segundo a polícia.
Antes do pagamento, a família pediu aos sequestradores provas de que Natalie estava viva. "Perguntaram aos sequestradores coisas que só a Natalie podia dizer, como algum remédio que ela tomava", disse Carvas Junior.
A família não revelou o local do pagamento, que não foi acompanhado pela polícia. Segundo Carvas Junior, Natalie foi deixada ao lado de um orelhão pelos sequestradores. De lá, ela telefonou aos familiares, que foram buscá-la.
Natalie é a filha mais nova de Marcelo Gutglass e tem três irmãos. A Folha não publicou o caso desde o início, atendendo a pedido da família, por entender que poderia colocar em risco a vida da estudante.

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