São Paulo, quarta-feira, 8 de outubro de 1997
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Se faltar anti-HIV, SP comprará remédio

LUCIA MARTINS; BETINA BERNARDES
DA REPORTAGEM LOCAL E DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Se o Ministério da Saúde não garantir a compra do indinavir (um inibidor de protease, que atua na fase final da multiplicação do vírus HIV) ainda nesta semana, a Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo comprará um estoque do antiviral para abastecer a rede até o fim do ano.
A decisão foi oficialmente tomada ontem. Para suprir a necessidade dos cerca de 3.500 pacientes (do total de quase 7.000 que tomam o coquetel anti-Aids), são necessários R$ 16 milhões.
A secretaria decidiu comprar o remédio para evitar a interrupção do tratamento, que é perigosa, porque o vírus HIV -que causa a Aids- pode ficar mais poderoso e começar a resistir às drogas.
Os médicos avisam que, quando o doente pára de tomar as drogas, vírus mais fortes (os chamados "supervírus") começam a surgir rapidamente. Artur Kalichman, coordenador do CRT/DST-Aids, afirma que, se o ministério não fizer a compra imediatamente, o remédio não chegará a tempo.
São Paulo só tem indinavir para este mês. Ele é um dos principais remédios usados no coquetel anti-Aids. Para adquirir o remédio, a secretaria vai usar a "ata de registro de preços", que agiliza o processo de compra das drogas.
Brasília
O coordenador nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids, Pedro Chequer, disse ontem que já estão sendo adquiridos pelo ministério os medicamentos que fazem parte do coquetel anti-Aids.
Os remédios devem estar disponíveis na rede pública em duas semanas, segundo Chequer. "Recebemos a garantia do ministro Carlos Albuquerque (Saúde) de suprir a rede pública da medicação necessária", afirmou.
"Há uma preocupação em relação à obtenção de R$ 145 milhões em recursos extra-orçamentários necessários para prover a rede pública dos medicamentos para Aids até o início de 98, mas o ministério está buscando esses recursos", disse o coordenador.
Cerca de 50 mil pessoas tomam coquetel anti-Aids hoje no país. A distribuição gratuita dos medicamentos começou em dezembro de 96. Até o final deste ano, terão sido gastos R$ 412 milhões com remédios relacionados à Aids.
(LUCIA MARTINS e BETINA BERNARDES)

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