São Paulo, quarta-feira, 8 de outubro de 1997
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Governo e oposição anunciam vitória

MARCELO DAMATO

MARCELO DAMATO; AUGUSTO GAZIR
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA E

Escolha dos 31 membros da comissão que analisará projeto de Pelé contenta defensores e opositores

AUGUSTO GAZIR
Defensores e opositores do projeto da lei Pelé cantaram vitória com a definição dos 31 membros da comissão da Câmara que irá analisar a proposta.
O PMDB, o único partido que ainda não havia indicado seus representantes, enviou sua lista, que tem aliados do governo, como Germano Rigotto (RS), que será o presidente da comissão, mas também pessoas ligadas ao lobby dos clubes, como Marco Abi Chedid (SP), um dos homens fortes do Bragantino, e Darcísio Perondi, irmão do vice-presidente da Federação Gaúcha de Futebol.
A comissão será instalada hoje, 23 dias antes do prazo final para a votação. Às 11h, Rigotto e o relator Tony Gel (PFL-PE) se encontram com o ministro dos Esportes, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, para discutir o trabalho da comissão e chamá-lo para falar aos deputados na semana que vem.
O líder do PMDB, Geddel Vieira Lima (BA), afirmou que indicou nomes envolvidos com o esporte, que pediram para participar.
Segundo ele, os deputados terão que seguir a orientação que a bancada ainda vai definir sobre o tema. "É difícil agradar vocês (jornalistas). Quando se coloca quem não entende do assunto, você é criticado. Quando se coloca quem entende, também", afirmou.
Hélio Vianna, principal assessor de Pelé, disse não temer os nomes do PMDB tidos como opositores.
"O Sandro Mabel (PMDB-GO) não vai ficar contra. Ele é empresário, não depende do futebol para viver. O Marquinho Chedid (PSD-SP) não tem idéias suficientes para nos incomodar."
Vianna comemorou a escolha de Germano Rigotto para presidir a comissão. "A escolha não poderia ter sido melhor", afirmou.
Segundo ele, a reação dos deputados ao projeto está sendo melhor do que previa e cada vez mais parlamentares manifestam apoio.
"Quando nós explicamos o que é, todo mundo concorda."
Mas o deputado Eurico Miranda (PPB-RJ), o mais eloquente opositor, também não tem dúvidas de que a proposta vai ser alterada.
"No passe, a questão não é acabar ou manter como está. Quanto ao Ministério Público e à limitação de mandatos na CBF, todo mundo está contra, mesmo porque são inconstitucionais."
Outro opositor de pontos do texto, o presidente do Clube dos 13, Fábio Koff, também saudou a indicação de Rigotto para presidente.
"É um dos deputados federais mais brilhantes aqui do Estado (Rio Grande do Sul). É jovem, inteligente, de vida pública correta."
O relator do projeto, deputado Tony Gel, afirmou que a Câmara tem tradição de melhorar os projetos que recebe.
Mas disse também que os bingos, criados por um artigo colocado pelos parlamentares na tramitação da Lei Zico (1993), trouxe mais problemas do que benefícios.
"A maioria dos bingos é um trambique."
Ele também disse que o passe (vínculo extracontratual entre clube e jogador) é inconstitucional, mas defendeu a colocação de um tempo de transição para facilitar a aprovação do projeto.
"Na Câmara, nada é resolvido pela força, só por conversas."
Germano Rigotto também se manifestou favorável a mudanças no passe. "Não sei se é exatamente o que o governo está propondo, mas vamos fazer alterações."
Ele disse que a comissão tem que estudar a legislação de outros países para aperfeiçoar o futebol brasileiro.
"Temos que modernizar o financiamento dos clubes de futebol. O clube-empresa, apresentado por Pelé, é uma alternativa", afirmou Rigotto.
Pontos principais
O projeto de lei elaborado pelo ministro Pelé propõe uma reformulação na legislação esportiva no país e, caso aprovado, viria substituir a Lei Zico, de 1993.
Os seus pontos principais -que estão causando mais polêmica e têm suscitado mais críticas- são o fim do passe dos jogadores, que hoje vincula a vida profissional do atleta a um clube, e a transformação dos clubes em empresas.

Com a Reportagem Local

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