São Paulo, quarta-feira, 8 de outubro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ato de policiais pede desculpa a judeus

MARIANE COMPARATO
DE PARIS

Policiais pedem desculpa a judeus
O SNPT (Sindicato Nacional dos Policiais Uniformizados) organizou ontem manifestação para pedir perdão à comunidade judaica no Memorial do Mártir Judeu Desconhecido, em Paris.
A colaboração da polícia francesa com o regime nazista mais conhecida ocorreu no Vel'd'Hiv (local de lazer), em julho de 1942. A operação foi executada por 4.500 policiais e enviou 13.152 judeus para campos de extermínio.
"Os policiais carregam uma pesada responsabilidade porque, antes de serem policiais, são homens que se tornaram cúmplices do crime organizado. Pela sua inércia, eles permitiram o impensável, pelo seu medo, o sangue jorrou, e pela sua vontade, muitos inocentes não voltaram do horror", disse o secretário-geral do SNPT, André Lenfant. Já o ministro do Interior, Jean-Pierre Chevènement, referindo-se ao ato do SNPT, pediu que os franceses evitem o "masoquismo" nacional em relação ao período da ocupação alemã.
Um pedido de desculpas era esperado do ex-presidente François Mitterrand, mas ele nunca quis admitir a responsabilidade do governo de Vichy pela morte de quase 70 mil judeus.
Foi preciso esperar julho de 1995 para que o presidente da França, Jacques Chirac, fizesse um pedido de desculpas oficial. Durante o 53º aniversário da prisão em massa do Vel'd'Hiv', Chirac evocou a "dívida indescritível" da França com os judeus deportados. "Essa era uma declaração que esperávamos havia muito tempo", disse o diretor-executivo do Crij (Conselho Representativo das Instituições Judaicas), Haim Musicant.
Em julho deste ano, foi a vez do recém-eleito primeiro-ministro, Lionel Jospin, se manifestar. "Não foi preciso a presença de nenhum soldado alemão para que essa ordem fosse cumprida", disse Jospin.
Por fim, no último dia 30, a Igreja Católica francesa confessou publicamente a sua "culpa" por não ter se manifestado sobre as deportações de judeus durante a ocupação alemã. Os bispos fizeram uma manifestação de arrependimento no local onde existia um campo de deportação, em Drancy.
(MC)

Texto Anterior: França julga colaborador dos nazistas
Próximo Texto: Saiba o que foi o regime pró-nazista de Vich
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.