São Paulo, quinta-feira, 9 de outubro de 1997
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Entenda o caso do mercado de votos

As gravações
Ronivon Santiago

João Maia
. Nos dias 13 e 14/5, a Folha publica reportagens baseadas em gravações de conversas dos então deputados Ronivon Santiago e João Maia, ambos do PFL-AC
. As gravações foram feitas pelo Senhor X, cuja identidade é mantido em sigilo pela Folha
. Nas conversas, os dois afirmam ter vendido, por R$ 200 mil, seus votos a favor da emenda da reeleição, quando ela foi votada na Câmara, em 28/1
. A emenda beneficiou o presidente Fernando Henrique Cardoso, que vai poder tentar voltar ao cargo nas eleições de 98

Os envolvidos
Ronivon Santiago e João Maia (ex-deputados federais do PFL-AC)
Afirmaram, nas gravações que venderam seus votos a favor da reeleição. Logo em seguida, foram expulsos do PFL e renunciaram aos seus mandatos

Zila Bezerra (PFL-AC)
Segundo as gravações, também vendeu seu voto. Quanto à reeleição, estava indecisa a princípio, depois passou a defendê-la apenas para os próximos presidente, mas acabou votando a favor da emenda que beneficia FHC. Nega envolvimento no caso

Osmir Lima (PFL-AC)
Também é citado nas gravações. Chegou a se manifestar contrário à reeleição também favorável à reeleição apenas para os próximos presidentes. No final, porém, acabou votando na emenda que beneficiou FHC. Também nega ter vendido seu voto

Sérgio Motta (ministro das Comunicações)
De acordo com João Maia, foi quem arranjou o dinheiro e o entregou aos governadores que intermediaram a operação. Segundo Ronivon, também foram negociadas concessões de rádio e TV. Motta disse que as reportagens da Folha eram "caluniosas" e tinham "fins políticos esquisitos ou estranhos"

Chicão Brígido (PMDB-AC)
Outro citado nas gravações. A princípio, defendia a reeleição apenas para os próximos presidentes, mas acabou votando a favor da emenda apresentada pelo governo. Nega ter vendido seu voto

Amazonino Mendes (governador de AM) e Orleir Cameli (governador do AC)
Segundo as gravações, intermediaram as operações e entregaram o dinheiro aos deputados. Ambos negam as acusações

O que aconteceu até agora
A comissão de sindicância
. Para apurar o caso, a Câmara instalou uma comissão de sindicância presidida por
Severino Cavalcanti (PPB-PE)

. As fitas obtidas pela Folha foram submetidas a análise de especialista da Unicamp, que as considerou legítimas

. A comissão recomendou a abertura do processo de cassação dos mandatos dos deputados envolvidos

. Também recomendou que o Ministério Público abrisse investigação sobre a participação de Motta, Amazonino e Camell

A CCJ
. Após a entrega do relatório da comissão de sindicância, o caso foi entregue à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, que abriu processo de cassação dos mandatos de Osmir, Zila e Chicão
. Foi designado como relator do processo Nelson Otoch (PSDB-CE); em seu relatório, Otoch recomendou a cassação dos mandatos dos três deputados

A CPI
. Os partidos governistas conseguiram barrar a proposta de abertura de uma CPI sobre o caso; a CPI teria mais poderes do que a CCJ para realizar as investigações

Trechos das gravações
"Senhor X - Orleir chegou a dizer a algumas pessoas lá no Acre que os votos tinham sido pagos...
Ronivon Santiago - 200 paus.
Senhor X - 200 paus para cada um?
Ronivon - É."

"Senhor X - A reeleição lhe salvou, né?"
"Ronivon - Oô! (...) Eu me protejo, rapaz..."
"Ronivon - O Amazonino marcou dinheiro para dar 200 para mim, 200 pro João Maia, 200 pra Zila e 200 pro Osmir."

"João Maia - Esse dinheiro é do Amazonino. Promessa do Pauderney (Avelino, deputado do PFL-AM) aqui. No nosso corredor aqui, falou em 200 paus. Via Serjão."

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