São Paulo, quinta-feira, 9 de outubro de 1997
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PFL rompe acordo com base de FHC

RAYMUNDO COSTA

RAYMUNDO COSTA; FERNANDO RODRIGUES
DO PAINEL, EM BRASÍLIA

FERNANDO RODRIGUES
O PFL decidiu romper um acordo firmado em fevereiro com outros partidos aliados do governo para dividir os cargos de relator e presidente em comissões de trabalho dentro da Câmara.
Essa decisão pode causar uma fissura na base governista na Câmara. Isso inviabilizaria de vez a aprovação de projetos como a reforma administrativa, a previdenciária e a regulamentação dos planos de saúde.
Pelo acordo de fevereiro, PFL, PMDB, PSDB, PPB e PTB se revezariam na escolha de cargos. PPB e PTB ficariam com menos cargos por terem bancadas menores.
Esses cargos são a chance de deputados aparecerem para a mídia e são vistos como um prêmio para os indicados.
Agora, com o rompimento do PFL, passa a valer o regimento interno da Câmara. A maior bancada -que é a pefelista- fica com o direito de indicar o presidente em todas as comissões.
A decisão do PFL foi oficializada pelo líder do partido na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE).
"O PFL deliberou não mais ratificar o acordo para distribuição de presidência e relatoria de comissões desta Casa (...). Em decorrência, solicito que sejam observados os critérios regimentais que se adotam para a espécie", escreveu Inocêncio em carta entregue no final do dia ao presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP).
A principal razão para o rompimento foi a votação da lei eleitoral, no mês passado. O PFL se sentiu traído pelo PPB e pelo PMDB.
Esses dois partidos se aliaram para aprovar um dispositivo que considera as bancadas do início da legislatura (fevereiro de 95) para calcular o tempo na TV em 98.
O PFL tinha uma bancada de 89 deputados no início da legislatura. Hoje, são 112. Saiu prejudicado com a lei eleitoral.
"Fica rompido qualquer acordo. Vou convocar minha bancada", reagiu o deputado Odelmo Leão (MG), líder pepebista.
"Esta é uma Casa em que a palavra empenhada vale muito. Para a instituição, é importante que continue assim. Espero que o líder do PFL reavalie essa decisão", disse o líder do PSDB, Aécio Neves (MG).
O líder do PMDB, Geddel Vieira Lima (BA), disse não acreditar que o PFL estivesse rompendo o acordo. "Vai parecer um golpe."

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