São Paulo, quinta-feira, 9 de outubro de 1997
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FHC diz estar "orgulhoso" com transparência de seu governo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso rebateu ontem o teor de um documento destinado aos empresários norte-americanos, preparado pela embaixada no Brasil, que afirma que a corrupção "ainda é endêmica na cultura brasileira".
"Eu estou muito orgulhoso. O meu governo é totalmente transparente", disse FHC ontem a um grupo de nove correspondentes estrangeiros que o entrevistaram, como parte dos preparativos da visita do presidente norte-americano, Bill Clinton, ao Brasil, na próxima semana.
No texto entregue aos empresários, o Brasil aparece como o 15º lugar entre os 54 países mais corruptos do mundo, segundo levantamento da entidade alemã Transparency International. Em 1995, ele aparecia como o 5º colocado.
Segundo FHC, a corrupção dentro do governo é um dos dois pontos que podem afetar sua popularidade -que, no entanto, estão momentaneamente afastados.
"Dois temas podem me derrubar nas pesquisas de opinião: a elevação do custo de vida (o retorno da inflação) e a corrupção dentro do governo", disse.
FHC afirmou que tem tido apoio popular, o que estaria registrado em todas as pesquisas de opinião. "O povo me apóia."
Os empresários que receberam o documento acompanharão Clinton na visita que fará a Brasília, Rio e São Paulo. O texto afirma que o Brasil é uma excelente oportunidade de negócios, mas critica as estruturas político-administrativa e social brasileiras.
O documento critica o sistema de representação política -em especial quanto à composição partidária-, a ineficiência do Poder Judiciário e a falta de disciplina e coerência ideológica entre os governistas no Congresso, que trariam problemas à governabilidade.
"Importância excessiva"
No final da tarde, o porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, disse que o governo "não pode dar importância excessiva" a um relatório da burocracia dos EUA.
Amaral disse ainda que o Brasil não tem o que relatar ao governo norte-americano sobre eventuais casos de corrupção no governo -segundo ele, todos devidamente apurados.
"Nossos problemas nós resolvemos e encaminhamos aqui e não temos porque avaliar, concordar ou discordar de um relatório."
O porta-voz distribuiu cópia de apenas uma das páginas do relatório para demonstrar que não há no relatório qualquer menção a "endemia" ou que trate a corrupção como problema cultural.
Outros pontos
Na entrevista, FHC também tratou de outros temas:
Educação: na terça-feira, FHC e Clinton assinarão um abrangente acordo sobre educação. Nele estão previstos quatro pontos: intercâmbio de estudantes, mudanças na metodologia de avaliação, treinamento de professores e incentivo a ações no setor privado.
Reformas: aos correspondentes, FHC enumerou, pela ordem de importância, quais reformas constitucionais considera prioridades: a da Previdência, a administrativa e a tributária. FHC disse que a dificuldade na aprovação dessas reformas é a de ficar em constante negociação com o Congresso.
Conselho de Segurança: disse que não é prioridade de seu governo ocupar lugar no Conselho de Segurança da ONU. Segundo ele, "o assunto não é dramático".
Mercosul e Alca: O presidente disse que Mercosul (Mercado Comum do Sul) e Alca (Área de Livre Comércio das Américas) não são conflitantes, pois têm o mesmo objetivo: "O de incrementar o comércio".

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