São Paulo, quinta-feira, 9 de outubro de 1997
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93% das prostitutas usam camisinha

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

Pesquisa com 128 prostitutas nos centros das cidades do Rio de Janeiro e de Duque de Caxias (Baixada Fluminense) aponta alto índice de uso de camisinha -93%. Elas foram questionadas sobre as relações com os últimos cinco clientes.
O nível de conscientização sobre prevenção da Aids surpreendeu a psicóloga e educadora Celia Szterenfeld, 38, secretária-executiva da ONG (organização não-governamental) PIM (Programa Integrado de Marginalidade). "É um nível de conscientização muito alto."
Desde a primeira pesquisa, em 91, vem subindo a taxa de uso de preservativo: em 91, foi de 57% e em 93, de 73%.
É o terceiro ano em que a pesquisa é realizada, como parte do projeto Saúde na Prostituição, desenvolvido pelo PIM.
Orçado em US$ 150 mil por ano, o projeto conta com apoio material e financeiro da agência norte-americana de cooperação internacional Usaid e do Ministério da Saúde. Os hábitos de saúde e o perfil social dessas mulheres foram pesquisados.
Celia disse que dois dados chamaram a atenção: o alto índice de uso declarado de camisinha e a ampla consciência sobre as formas de transmissão da Aids.
Este ano, 95% das prostitutas entrevistadas disseram que a transmissão pode se dar por sexo anal ou vaginal. Em relação ao sexo oral, 88% responderam que o contágio é possível. E 97% responderam que a contaminação pode se dar também "do marido para a esposa".
No caso da transfusão de sangue não testado, 97% disseram poder haver contaminação.
O conhecimento médio dessas informações subiu de 77% (1991) para 94% (1997).
Seguindo a metodologia internacional KAPB, a pesquisa foi realizada a cada três anos, com a promessa de anonimato. As entrevistadas trabalham nas imediações da praça Tiradentes e da estação de trens Central do Brasil, no Rio, e da praça do Pacificador, no município de Duque de Caxias.
A idéia dos organizadores era detectar mudanças e permanência de hábitos dessas mulheres que, em tese, correm grande risco de serem contaminadas pelo vírus HIV. Apenas uma mulher declarou ser portadora do vírus.
O projeto conta com dez agentes de saúde (em geral, ex-prostitutas), que fazem palestras e distribuem material informativo e 10 mil preservativos por mês em 20 pontos de prostituição do Grande Rio.

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