São Paulo, quinta-feira, 9 de outubro de 1997 |
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Governo não fiscaliza hemocentro privado BETINA BERNARDES BETINA BERNARDES; AURELIANO BIANCARELLI; RENATO KRAUSZ
AURELIANO BIANCARELLI O médico Helio Moraes, novo coordenador de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde, disse ontem que aproximadamente 15% do sangue coletado no país não passa por nenhum tipo de fiscalização. Esse número corresponderia ao sangue que é coletado pelos serviços privados não conveniados ao SUS (Sistema Único de Saúde) e que não estariam sujeitos à fiscalização da Vigilância. Não significa que cerca de 450 mil doações -15% das 3 milhões de bolsas de sangue coletadas por ano- estejam com problemas. Os principais bancos de sangue privados do país são respeitados por seus critérios de qualidade. Também não quer dizer que os outros 85% do sangue sejam devidamente inspecionados. Segundo Marta Nóbrega, secretária da Vigilância Sanitária, as unidades estão sendo visitadas a cada 18 meses, período considerado três vezes maior do que o ideal. Para Helio Moraes, o novo coordenador da Cosah, o fato de 15% do sangue escapar ao controle oficial se deve à legislação, que não permitiria fiscalização nos bancos de sangue não conveniados ao SUS. Segundo ele, caso a Vigilância entre nesses serviços e constate irregularidades, não pode autuar. A informação é contestada por hematologistas e por Elisaldo Carlini, ex-secretário nacional da Vigilância Sanitária. "A Vigilância é responsável por tudo o que se refere à saúde pública", diz ele. "A inspeção nos bancos de sangue, públicos ou privados, é feita pelas vigilâncias estaduais." Segundo Carlini, uma portaria de novembro de 95 definiu o roteiro de inspeção de todas as unidades hemoterápicas. Silvano Wendel, diretor do banco de sangue do hospital Sírio-Libanês e secretário-geral da Sociedade Brasileira de Hemoterapia, diz que os bancos privados de São Paulo são inspecionados. Segundo o novo coordenador, o ministério deve anunciar nos próximos dias uma portaria permitindo que a Vigilância fiscalize os bancos privados. Moraes ressaltou que nesses 15% há serviços de excelência reconhecida, como nos hospitais Albert Einstein e Sírio-Libanês. E que "o problema se concentra nas pequenas cidades". Colaborou Renato Krausz, da Reportagem Local LEIA MAIS sobre sangue à pág. 3-3 Texto Anterior: Empresa evita se pronunciar Próximo Texto: Chuva de granizo destrói igreja e fábrica em Minas Índice |
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