São Paulo, quinta-feira, 9 de outubro de 1997
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Teles compram sistemas sem licitação

ELVIRA LOBATO
ENVIADA ESPECIAL A FOZ DO IGUAÇU

Pelo menos 12 companhias telefônicas estatais estão negociando a compra de sistemas de telefonia celular digital diretamente com seus fornecedores, sem passar por licitação pública.
As negociações foram autorizadas pela direção da Telebrás. Uma estatal, a Telebrasília, já fechou contrato nessas condições. Comprou equipamentos da Nortel (Northern Telecom) para instalar 60 mil telefones celulares digitais no Distrito Federal, sem licitação.
O contrato foi assinado no dia 30 de setembro. Os equipamentos custaram o equivalente a US$ 22 milhões, segundo informou o gerente de telefonia celular da Telebrasília, Edmond Santiago.
O governo autorizou a compra baseado em pareceres técnico e jurídico da estatal. A empresa argumentou que seu sistema atual de telefonia celular (analógico) já havia sido instalado pela Nortel e que nenhum outro fabricante teria condições de lhe oferecer um sistema digital aos preços propostos por seu fornecedor.
Razões de mercado
A pressa da Telebrasília em instalar o celular digital tem razões de mercado. A capital federal será a primeira cidade brasileira a ter o serviço celular privado.
O consórcio Americel, vencedor da concorrência para a banda B na região Centro-Oeste, deve inaugurar seu serviço em Brasília, com tecnologia digital, em meados de novembro.
Com o precedente aberto pela Telebrasília, as outras telefônicas estatais do Centro-Oeste e do Nordeste começaram a negociar também a compra direta de sistemas de telefonia celular digital com seus fornecedores.
As discussões estão sendo feitas por blocos de empresas, seguindo o modelo da banda B. As telefônicas do Rio Grande do Norte, Ceará, Pernambuco, Sergipe, Paraíba, Piauí e Alagoas -Estados que correspondem à área 10 da banda B- estão negociando sob a coordenação da Telpe, de Pernambuco.
Todas essas dez telefônicas compraram da Ericsson seus atuais sistemas de telefonia celular e estão negociando com ela a compra direta dos equipamentos digitais. A negociação foi confirmada à Folha pelo diretor de Engenharia da Telern (telefônica do Rio Grande do Norte), Gustavo Dias.
Segundo ele, os contratos serão assinados com "inexigibilidade de licitação", baseados no mesmo parecer da Telebrasília. A intenção das estatais, disse ele, é inaugurar o serviço digital nas capitais do Nordeste até o mês de maio, junto com o concorrente privado: o consórcio BSE, que venceu a concorrência da banda B naquela área.
Idênticas negociações acontecem nas telefônicas do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Acre e Rondônia e Minas Gerais.
Tecnologia
As estatais estão correndo para instalar sistemas celulares digitais na tentativa de segurar seus clientes de grande porte e impedir que sejam conquistados pelas operadoras privadas.
O sistema digital tem várias vantagens em relação ao analógico: é mais seguro contra fraudes, economiza bateria e tem melhor qualidade de voz.
Além disso, reduz os custos da operadora porque pode atender, simultaneamente, a pelo menos três pessoas por canal de voz. No analógico, a relação é de um para um.

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