São Paulo, quinta-feira, 9 de outubro de 1997
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Nec instala celulares digitais no Rio

ENVIADA ESPECIAL A FOZ DO IGUAÇU

A Nec do Brasil -associação das Organizações Globo com a Nec Corporation, do Japão- vai instalar 100 mil telefones celulares digitais na cidade do Rio de Janeiro, correndo o risco de retirar os equipamentos no futuro.
A empresa tem um contrato em andamento com a Telerj (Telecomunicações do Rio de Janeiro) para instalar celulares analógicos, mas, numa tentativa extrema de ganhar o mercado, decidiu colocar dois sistemas paralelos: um analógico e outro digital.
O vice-presidente da Telerj, Geraldo Araújo, diz que vai instalar o sistema digital da Nec em funcionamento, enquanto os equipamentos analógicos previstos no contrato ficarão desligados.
Na próxima semana, a estatal publicará a minuta do edital da licitação para compra de 650 mil celulares digitais.
Segundo ele, se a Nec perder a concorrência, ela terá que retirar os equipamentos digitais. "Nesse caso, ligaremos os equipamentos analógicos que fazem parte do contrato e o vencedor da nova licitação instalará seu sistema digital", afirma Araújo.
Por trás desse inusitado "empréstimo" da Nec está uma das mais ousadas estratégias de mercado já vistas nas telecomunicações brasileira. Segundo seus concorrentes, se ela tiver uma "base digital instalada", entrará em condições vantajosas na licitação da Telerj.
Até agora, o único fornecedor que protestou publicamente contra o acordo da Nec com a Telerj foi a norte-americana Lucent Tecnologies. O presidente da empresa no Brasil, Virgílio Freire, fez um protesto formal à direção da Telebrás.
Telesp
A concorrência, para compra de 1 milhão de telefones digitais para a Grande São Paulo, foi lançada no dia 21 de agosto, mas sua preparação -pela complexidade que envolve- começou há mais de um ano.
A licitação da Telesp vai resultar em um contrato de cerca de US$ 600 milhões e, por isso, desencadeou uma guerra sem precedentes entre os fornecedores mundiais de equipamentos de telecomunicações.
A Telesp marcou a data de 24 de outubro para recebimento das propostas e planeja divulgar o resultado da habilitação dez dias depois. Ela quer assinar o contrato com o vencedor até o final do ano.
A meta da Telesp é inaugurar seu serviço digital junto com o vencedor da concorrência da banda B -consórcio BCP, liderado pela telefônica norte-americana BellSouth-, o que deve ocorrer no final do primeiro semestre de 1998.
Quando isso ocorrer, segundo os planos que vêm sendo divulgados pelo ministro das Comunicações, Sérgio Motta, a Telesp estará privatizada ou em fase final de privatização.

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