São Paulo, quinta-feira, 9 de outubro de 1997
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Greenspan joga mais água fria nas Bolsas

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente do banco central dos EUA, Alan Greenspan, voltou a alertar para a inviabilidade da trajetória atual da economia norte-americana, depois de alguns meses evitando repetir as advertências que ele mesmo fizera no final do ano passado.
O dólar registrou perdas agudas diante das principais divisas internacionais, também porque aumentaram as chances de um aumento da taxa de juros na Alemanha. A Bolsa de Nova York fechou ontem em baixa de 1,02%.
Para Greenspan, é "irrealista" pensar que os ganhos nas Bolsas possam continuar no ritmo registrado ao longo dos últimos dois anos. Ele espera que as cotações parem de subir com o mesmo vigor. As praças européias, que vinham atravessando uma fase boa, sofreram o impacto das declarações e também caíram.
Esta não é a primeira vez que Greenspan provoca calafrios. No começo de dezembro de 1996 ele tirou oxigênio dos operadores ao evocar a "exuberância irracional" dos mercados.
Desde então, o índice Dow Jones subiu mais 1.700 pontos (de 6.381,95, no dia 6 de dezembro de 1996, para 8.078,61 pontos no fechamento de ontem), uma alta de 26,5% em dez meses. O recorde absoluto foi alcançado no último dia 6 de agosto, quando o índice chegou a 8.259,31 pontos.
Entre os argumentos de Greenspan para novamente fazer um alerta está a criação acelerada de postos de trabalho nos EUA, o que seria insustentável no curto prazo.
O diagnóstico de que a evolução do mercado de trabalho neste ano indica que a economia entrou numa trajetória sem sustentação foi feita por Greenspan em depoimento no Comitê de Orçamento da Câmara de Deputados. Tais pressões devem gerar efeitos inflacionários, acrescentou. Ele pediu ao Congresso norte-americano que encaminhe propostas capazes de compensar o impacto de um possível retrocesso econômico. Os EUA estão criando 2 milhões de postos de trabalho ao ano.
As pressões inflacionárias têm sido evitadas porque houve um fortalecimento do dólar com relação às outras moedas internacionais, o que ajuda a conter as pressões inflacionárias e torna mais baratas as importações.
Ou seja, o dólar forte reduz custos, ainda que surjam pressões salariais. Mas a valorização do dólar tem um limite, evidente quando o déficit norte-americano no comércio exterior se acentua.

LEIA MAIS sobre o mercado de ações na pág. 2-11

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