São Paulo, quinta-feira, 9 de outubro de 1997
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Falabella se rende à comédia romântica

DANIELA ROCHA
DA REPORTAGEM LOCAL

Miguel Falabella é o tipo de pessoa que dá entrevista por celular enquanto dirige, enfrentando engarrafamento no túnel Rebouças, no Rio, a caminho do aeroporto Santos Dumond, para pegar uma ponte aérea.
Entre uma parada e outra no trânsito, interferências e quedas de linha, ele falou sobre seu último texto teatral, feito em parceria com Maria Carmem Barbosa, chamado "O Submarino", que chega hoje ao teatro Procópio Ferreira, em São Paulo.
História de um casal moderno com seus altos e baixos, a idéia de "O Submarino" surgiu quando Falabella leu, no pára-choque de um caminhão, a frase "Casamento é como submarino. Até bóia, mas foi feito para afundar".
"'O Submarino' é sobre a impossibilidade de se viver junto e a impossibilidade de se viver sozinho", define o autor e ator, que sobe ao palco ao lado da atriz Zezé Polessa nesta montagem dirigida por Mauro Mendonça Filho.
Primeira comédia romântica encenada por ele, o autor/ator se diz feliz em encenar no teatro o paradoxo do casamento.
A abertura da peça "O Submarino" traz um episódio real na vida de Falabella. "Eu não sei dormir sem ler e isso invariavelmente cria problema (com o parceiro). Fica aquela coisa, o barulho da página virando incomoda (risos)."
Com o trunfo de que a platéia se identifica com as situações que estão no palco, Falabella se deleita quando sente que o espectador se diverte.
"O público procura entretenimento, um canal com o coração, que nós estamos precisando muito", afirmou. "A gente tem, dentro da gente, violência inegotável. Por isso as pessoas assistem boxe, vale-tudo. É fundamental ter Jean-Claude Van Damme para ser válvula de escape da sociedade, porque o ser humano carrega uma dose de violência muito grande. Mas também carrega uma enorme dose de amor. Quando essas coisas são bem retratadas, encontram um canal direto com o desejo do público", completou.
Ele define César e Rita, personagens de "O Submarino", como um casal que se ama, que se odeia, que se pega, que sai de casa, que encontra novos parceiros. "Mas eles fizeram uma escolha que é a de conviver com tudo isso", disse. "E o público adora. A platéia rola de rir porque ela se identifica. Os pequenos mau humores, as pequenas intolerâncias do dia-a-dia que vão desgastando a relação estão lá."
Falabella classifica "O Submarino" como alta comédia, sem qualquer relação com o besteirol que escrevia no início de sua carreira, há uma década.
"A peça tem piadas, mas não tem nada de besteirol. Besteirol já foi, está fora de moda, ninguém lembra mais disso, já tem 12 anos. Eu não escrevo mais desde 89, com 'A Partilha'. 'As Sereias da Zona Sul' (remontada recentemente por ele com Zezé Barbosa e Rosi Campos no elenco) foi um olhar histórico sobre um besteirol que tem dez anos. Hoje em dia, escreveria essa peça de forma diferente", afirmou.
Naquela fase, Falabella escrevia apenas esquetes. "Não tinha fôlego para escrever peças longas, que dependem de maturidade, carpintaria e muito aprendizado."

Peça: O Submarino
Autoria: Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa
Direção: Mauro Mendonça Filho
Elenco: Miguel Falabella e Zezé Polessa
Quando: estréia hoje, às 21h30; qui, às 21h30, sex, às 22h, sáb, às 20h e 22h, e dom, às 19h e 21h30
Onde: teatro Procópio Ferreira (r. Augusta, 2.823, tel. 011/282-2409)
Quanto: R$ 25 (qui), R$ 30 (sex e dom) e R$ 35 (sáb)

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