São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 1997 |
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Controle da emissão de gases divide FHC e Clinton
CLÓVIS ROSSI
Tais gases são retidos pela atmosfera, causando efeito similar ao de uma estufa, ou seja, aquecem a atmosfera mais do que seria natural e desejável. Em dezembro, em Kyoto (Japão), realiza-se a terceira conferência da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, e já há um debate aberto no mundo todo sobre as posições de cada um dos grandes países a respeito do assunto. Meta não é cumprida Nos Estados Unidos, um forte lobby dos setores produtivos opõe-se duramente ao compromisso para reduzir a emissão de gases, até 2005, para níveis 20% inferiores aos vigentes em 1990, que é a proposta mais radical dos ambientalistas. Tal proposta surgiu da constatação de que a meta fixada na Rio-92 (reduzir a emissão até o ano 2000 para os níveis de 1990) não está sendo cumprida, com inevitáveis efeitos nocivos sobre a temperatura do planeta. Para poder vender ao público interno um compromisso mais firme dos EUA, o governo norte-americano gostaria que os países em desenvolvimento, principalmente Brasil, China e Índia (os mais populosos), cobrissem os custos. Pelos acordos da Rio-92, os países ricos deveriam financiar melhorias ambientais nos países em desenvolvimento, utilizando para isso 0,7% de seus PIBs (Produto Interno Bruto, medida da riqueza de cada nação). "Não podemos aceitar limitações que interfiram em nosso desenvolvimento econômico", rebate desde já o chanceler brasileiro Luiz Felipe Lampreia. O dióxido de carbono, principal dos gases do efeito estufa, surge da queima de carvão, gás e petróleo. Reduzir sua emissão significa, como é óbvio, consumir menos combustíveis como esses, com inevitáveis efeitos sobre a atividade econômica. Quem polui paga Para o governo brasileiro, vale a regra "o poluidor paga": como os Estados Unidos são, de longe, o país com maior emissão de gases, devem arcar com os maiores custos. Lampreia diz que os EUA emitem dez vezes mais gases do efeito estufa do que o Brasil, cuja emissão não passa de 210 mil toneladas de CO2. Dados de 1994 da Agência Internacional de Energia dão certa razão ao chanceler brasileiro: naquele ano, os Estados Unidos produziam 1,37 milhão de toneladas de gás carbônico. Já a Organização Meteorológica Mundial, agência das Nações Unidas, diz que 1996 foi o oitavo ano mais quente desde 1860 e também o 18º consecutivo em que houve anomalias na temperatura do planeta. Dados como esses agitam o debate prévio à conferência de Kyoto e que Clinton trará ao Brasil, até porque o país foi o anfitrião da Rio-92, em que se fixaram metas, tidas como modestas, mas que, mesmo assim, não estão sendo respeitadas. No caso dos EUA, então, o desrespeito está quantificado: a emissão de dióxido de carbono até o ano 2000 ainda será de 10% a 13% superior aos níveis verificados em 1990. São números como esse que reforçam a disposição do governo brasileiro de rejeitar a hipótese de arcar com custos adicionais para cumprir a sua parte na redução do efeito estufa. Texto Anterior: Exportador quer o fim de barreiras Próximo Texto: Brasil terá déficit recorde com EUA em 97 Índice |
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