São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Santa Casa cobra por equipamento

CLÁUDIA XAVIER
DA FOLHA CAMPINAS

A partir de quarta-feira, médicos que prestam serviços à Santa Casa de Misericórdia de São João da Boa Vista (218 km de SP) terão que pagar para usar equipamentos e instrumentos do hospital.
A medida, definida pela Provedoria da Santa Casa, já provocou reação do CRM (Conselho Regional de Medicina) do Estado de São Paulo, que denunciou o caso a entidades ligadas à classe médica.
Segundo o conselheiro do CRM na região, Gilberto Scarazatti, 42, o conselho não tem poder para investigar a instituição, mas vai enviar a denúncia para a APM (Associação Paulista de Medicina) e ao Sindicato dos Médicos, para que as entidades convençam os médicos a não aceitar a cobrança.
A vice-diretora clínica da Santa Casa, Luiza Helena Ferreira, 42, que também é diretora regional de Defesa Profissional da APM, disse que enviou ontem um ofício ao departamento jurídico da entidade pedindo parecer sobre a legitimidade do ato da provedoria.
Segundo Luiza, a portaria envolve apenas os médicos cadastrados, que não têm compromissos com a escala de plantão.
Segundo ela, o hospital está cobrando taxas inclusive no atendimento a pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde). Ela diz que a taxa pelo uso de um bisturi é de R$ 20,00, e de um estetoscópio, R$ 10,00. A lista tem um total de três páginas, segundo a vice-diretora.
O diretor da DIR 20 (Direção Regional de Saúde), Benedito Westin, que administra a saúde pública na região, disse que ainda não recebeu o documento do CRM.
O provedor do hospital, José Rubens Ceschin, disse que apenas sete ou oito médicos dos cem profissionais do corpo clínico estão incluídos na categoria de contratados não-efetivados, que teriam de pagar pelo uso da estrutura.
Ceschin disse que a medida faz parte do regimento interno do hospital, aprovado no início do ano pela diretoria, mas que só está sendo colocado em prática agora porque alguns médicos insistem em não fazer plantões.
"Eles só querem atender pacientes particulares, sem contribuir com as despesas", disse Ceschin. O provedor acha que essa não é uma medida discriminatória, e sim que os médicos estão discriminando os pacientes pobres do SUS.

Texto Anterior: Ministro reafirma não-fiscalização
Próximo Texto: Secretário já reconhece crise no PAS
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.