São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 1997
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'Esperava mais', afirma Edinanci

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Alvo das atenções em Atlanta-96, Edinanci Fernandes da Silva, 21, chegou ao sétimo posto. Agora, "despercebida", conseguiu o bronze apenas sete anos depois de sua iniciação no esporte.
"Eu esperava mais. Deu para ter a certeza de que preciso muito melhorar minha parte técnica. Com essa medalha, espero ter mais sossego para pensar só no judô."
Edinanci acredita que sua performance foi perturbada por não ter muitas opções táticas para as lutas. E que se sentiu fraca por ter que perder peso para se enquadrar no limite da categoria.
"Tive que correr para perder peso. Não cheguei a me sentir mal. Acho que tenho que tomar mais cuidado com isso."
Ela lamentou não ter podido enfrentar a francesa Espha Essombe, que, contundida, desistiu da luta.
"Fiquei feliz pela medalha. Fiquei triste por não ter pegado a francesa. Não por ela. Uma vitória contra uma lutadora com apoio da torcida ia fazer bem para mim."
Por conta de um problema genético, Edinanci apresenta características dos dois sexos (intersexualidade). Em abril de 96, se submeteu a uma orquiectomia (retirada dos testículos) e clitoridectomia (reconstrução do clitóris).
O objetivo era diminuir a quantidade de hormônios masculinos no seu organismo.
Pôde disputar a Olimpíada depois de se submeter -e ser aprovada- a teste de feminilidade, obtendo a chamada "carteirinha rosa", documento comprovatório.
(JAD)

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