São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Iugoslávia é terra em transe em "Bela Aldeia"
JOSÉ GERALDO COUTO
A interrogação lançada por "Bela Aldeia, Bela Chama", longa-metragem que estréia hoje, é exatamente essa: como um povo que já foi tão civilizado veio parar na barbárie atual? Túnel Mas o túnel, como a forçada unificação, parou no meio do caminho e se transformou numa caverna misteriosa, em que os pequenos Milan e Halil temiam encontrar monstros e fantasmas. Anos depois, eles se reencontram no túnel, agora como inimigos. Contado dessa maneira, o entrecho soa esquemático e sentimental, lembrando um pouco o argumento do filme "A Noite de São Lourenço", realizado pelos irmãos Taviani. Mas no lugar do humanismo cristão dos Taviani, "Bela Aldeia, Bela Chama" vibra de ferocidade e humor negro. Refinado e vulgar Com uma narração descontínua, cheia de flash-backs que não pedem licença para invadir a tela, uma trilha sonora elaboradíssima e uma montagem magistral, "Bela Aldeia, Bela Chama" parece às vezes um videoclipe cruel. A sensação de energia, de força física em ação, anula até os clichês que aparecem aqui e ali no longa-metragem. O comunismo, os sonhos de juventude, as drogas, o consumo, a mídia -o diretor Srdjan Dragojevic põe tudo numa máquina de triturar e devolve outra coisa, difícil de definir e de digerir. É um filme selvagem, inteligente, engraçado, terrível, refinado, vulgar. Venceu a última Mostra de Cinema de São Paulo. Vá e veja. Filme: Bela Aldeia, Bela Chama Produção: Sérvia, 1996 Direção: Srdjan Dragojevic Com: Dragan Bjelogrlic, Nikola Kojo, Nikola Pejakovic Quando: a partir de hoje, no Espaço Unibanco de Cinema - sala 3 Texto Anterior: Maceió faz 3º Jazz Festival Próximo Texto: Anjelica Huston é John nos piores momentos Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |