São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 1997
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'Éramos peões de Victor Garcia'

DA REPORTAGEM LOCAL

Em 1969, o ator Raul Cortez interpretou o papel do Bispo na montagem de Victor Garcia.
O impacto na sua vida foi tão grande que, um mês depois da estréia, Cortez desistiu do papel e mudou-se para a Bahia.
Inconformado, o diretor foi buscá-lo para retomar a montagem, no papel do Chefe das Polícias. Abaixo, leia trecho de depoimento do ator.
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"Tive uma certa dificuldade em entender bem a peça porque falava de coisas que, na época, eram subjetivas para mim. Eu não entendi aquilo tudo. Não por causa do texto, mas por causa da realização de um projeto daquele porte, que me assustava. Era um teatro inteirinho que estava sendo derrubado, totalmente desfeito. Os ensaios eram realizados numa sala, mas o espaço que iríamos ocupar depois da estréia seria outro. E o Victor tinha o espetáculo na cabeça. Nós éramos peões usados por ele para executar um jogo já estabelecido.
"Foi com Victor Garcia que eu mudei minha maneira de ver o mundo. Percebi imediatamente que estava lidando com um gênio. Não era um homem comum, ele tinha uma forma encantadora e generosa de lidar com as pessoas.
"A montagem e o texto mexeram comigo. Genet retratou o poder de forma debochada, de maneira impiedosa até, mas absolutamente extraordinária. Na época, era um texto forte demais e fico feliz que jovens atores estejam montando mais uma vez 'O Balcão'."

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