São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 1997
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Titãs convidam pagodeiros para show

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA REPORTAGEM LOCAL

Rotulados de roqueiros, os paulistanos dos Titãs estão em fase de mudança. Depois de gravarem um disco acústico, e de metade de seus integrantes se mudar para o Rio, o grupo agora flerta com o pagode.
No show que fazem domingo, em São Paulo, os roqueiros contam com a presença do sexteto de pagode Katinguelê, convidado para subir no palco com eles em "Nem Cinco Minutos Guardados", a nova música de trabalho dos Titãs.
"Não temos veia pagodeira. Nem fingimos que temos. Mas temos vontade de experimentar parcerias inusitadas", diz o baixista Nando Reis.
Não será a primeira "parceria inusitada" do grupo durante a turnê do "Acústico". No Rio, eles dividiram o palco com Luiz Melodia ("Comida"), Sandra de Sá ("Cegos no Castelo") e Elza Soares ("Flores").
Agora, em São Paulo, chegou a vez do Katinguelê, que só pôde participar do show no domingo -os Titãs se apresentam hoje e sábado. A opção pelo grupo foi do cantor Sérgio Britto.
"Queríamos chamar um grupo de samba para tocar em 'Nem Cinco Minutos Guardados'. Ali, já fazíamos um sambinha de araque no final", brinca o guitarrista Toni Belotto.
A banda aproveita para gravar, no sábado e no domingo, o novo clipe de "Nem Cinco Minutos Guardados", que será co-dirigido pelo cantor Branco Mello. Provavelmente, o público receberá isqueiros, confete e serpentina para participar das gravações.
Culto x popular
A banda se prepara para comemorar o milhão de cópias com "Acústico". E promete: vão receber o disco de diamante no programa do Raul Gil. A escolha tem razões sentimentais. Mas não só.
Foi lá, em 84, quando cantavam "Sonífera Ilha", que os Titãs apareceram pela primeira vez na TV.
"É muito bom vender 1 milhão de discos, mas não é preciso aparecer no 'Fantástico' para dizer isso", afirma Nando, que se incomoda com o preconceito contra os artistas populares.
Essa também é um das razões da escolha do Katinguelê, grupo de samba romântico popular. "Queremos diluir e esfacelar esses limites preconceituosos", diz Nando.
"É apenas um preconceito estético?", pergunta Belotto.
Ele conta que, antes da fama, o Katinguelê chegou a fazer um arranjo para "Marvin" em ritmo de pagode. Se bobear, eles estão prontos para fazer o show inteiro junto com os Titãs.
Nenhum preconceito contra os roqueiros. "É ruim ficar fechado em um só tipo de cultura", afirma Salgadinho. "Não existe divisão. Quem faz isso são os críticos", diz.
Mas os Titãs se enganam, se pensam que vão levar barato os pagodeiros. "Assim que a gente tiver uma data legal, em uma casa tipo Metropolitan (Rio) ou Olympia, a gente vai convidar eles", avisa Salgadinho.
(LAR)

Show: Acústico
Artista: Titãs (com participação do Katinguelê no domingo)
Onde: Olympia (r. Clélia, 1.517, tel. 011/252-6255)
Quando: hoje e sábado, às 22h30, e domingo, às 21h
Quanto: R$ 30 (pista), R$ 40 (setor C), R$ 50 (camarote)

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