São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 1997
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Comunistas derrubam governo italiano

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A insistente recusa do partido Refundação Comunista (RC) em apoiar o Orçamento elaborado pelo gabinete para 1998 colocou fim ontem ao primeiro governo italiano de esquerda desde o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-45).
O primeiro-ministro Romano Prodi, líder da coalizão governista Olivo, apresentou ontem ao presidente da Itália, Oscar Luigi Scalfaro, sua renúncia. O presidente pediu que Prodi permaneça no poder interinamente até que se determine os novos rumos do poder.
No último dia 28 de setembro, o governo liderado por Prodi, do partido Democrático de Esquerda (PDS, em italiano), o maior da coalizão, aprovou projeto de Orçamento prevendo cortes equivalentes a US$ 2,9 bilhões, principalmente no sistema previdenciário.
A RC, uma dissidência do antigo Partido Comunista (atual PDS), criticou o projeto de Prodi e afirmou que o governo não poderia mais contar com seu apoio.
O partido, liderado por Fausto Bertinotti, não faz parte da coalizão governista, mas garantiu apoio a ela quando da formação do bloco, em maio de 1996.
"O Orçamento não responde aos grandes problemas sociais de nosso país", disse Bertinotti.
"Do modo como está o Orçamento, nós o consideramos desigual. Nós votaremos 'não' e o faremos nem desejando-o, nem felizes. Você nos forçou a isso", disse o líder comunista no Parlamento, Oliviero Diliberto.
Prodi anunciou sua renúncia logo depois de intenso debate no Parlamento em que os comunistas não alteraram sua posição em relação ao projeto do governo, mesmo em vista de concessões feitas pelo gabinete.
"Será dito que você, caro Bertinotti, escolheu conscientemente abrir uma grande e difícil crise", disse o primeiro-ministro, o líder do 55º governo italiano desde a Segunda Guerra Mundial.
Unidade nacional
Com a renúncia de Prodi, restam duas opções para Scalfaro: ou se convocam eleições gerais antecipadas (elas estavam prevista para daqui a três anos e meio) ou se forma uma nova coalizão governista.
A segunda alternativa se desenha como a mais provável.
O presidente italiano deve iniciar hoje consultas a líderes de partidos e a ex-dirigentes políticos para arquitetar essa nova aliança.
Scalfaro pode contar, ao menos inicialmente, com a boa vontade do principal grupo de oposição a Prodi, a aliança de centro-direita Aliança Livre.
"A Aliança Livre e todas as forças políticas ao seu redor não se negariam a formar um governo de unidade nacional", disse o líder da coalizão de centro-direita, o ex-premiê Silvio Berlusconi.
Berlusconi afirmou que uma grande coalizão seria necessária para ancorar as esperanças da Itália de participar da primeira leva de países que adotarão o euro -a moeda única européia- em janeiro de 1999 (leia texto ao lado).

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