São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 1997
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Pedreiro ganha indenização de US$ 262,5 mi

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A indústria automobilística Chrysler vai ter de pagar US$ 262,5 milhões de dólares em indenização à família de um menino de seis anos morto por causa de defeito no trinco da porta de um veículo.
A família de Sergio Jimenez processou a empresa logo após o acidente, em 1994. Um júri federal em Charleston, Carolina do Sul, lhe deu ganho de causa.
A fábrica anunciou que vai recorrer tanto da sentença quanto do valor da indenização, que é a maior já conferida a vítimas de acidentes automobilísticos nos EUA.
O pai de Sergio, um pedreiro que também se chama Sergio e tem outros três filhos, disse, em lágrimas, após o veredicto, que "não esperava uma coisa tão grande". No processo, a família não determinara o valor da indenização.
Segundo a acusação, o menino estava no banco traseiro da Dodge Caravan ano 1985 da família quando outro carro, em baixa velocidade, bateu nela por trás. A perua virou e Sergio foi atirado para fora pela porta que se abriu. O menino sofreu fratura craniana e morreu.
O júri decidiu que a Chrysler foi negligente ao conceber e testar o modelo Dodge Caravan 1985 e, por isso, tem culpa pela morte.
A empresa alega que o motorista da perua havia ultrapassado um sinal vermelho pouco antes do acidente e que o menino, que não estava usando cinto de segurança, saiu pela janela do veículo.
O advogado da Chrysler diz que o juiz do caso errou ao não permitir que evidências sobre o semáforo fossem apresentadas e que a soma "ultrajantemente alta" decidida para indenização demonstra que o júri agiu emocionalmente.
A família de Sergio nega ter atravessado sinal vermelho. Seu advogado afirma que a Chrysler sabia que o trinco da Dodge Caravan 1985 tinha um defeito de concepção e omitiu o fato para não ter de recolher e consertar os veículos.
Ele também afirma que o menino estava usando cinto de segurança, mas que havia se soltado dele segundos antes do acidente para pegar uma bala com a sua irmã.
O advogado da família diz que a Chrysler sabia que o interior da perua era espaçoso demais e que a fábrica deveria ter feito trincos mais resistentes, prevendo que crianças poderiam se soltar de seus cintos.
Segundo números oficiais do governo dos EUA, pelo menos 37 pessoas morreram em acidentes em peruas Dodge Caravan após terem sido arremessadas para fora pela porta traseira. Apesar disso, a Chrysler nunca foi obrigada a recolher esse modelo para consertar.
O valor da indenização imposta à Chrysler vai, com certeza, estimular os debates sobre a necessidade de se impor um limite a esse tipo de punição. Diversos parlamentares, em especial da oposição ao governo, estão propondo projetos de lei com esse objetivo, e Bob Dole fez desse ponto um dos principais elementos de sua frustrada campanha presidencial em 1996.
Em alguns Estados, esses limites já foram impostos. Mas não em âmbito federal.

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