São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 1997
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Luas de Júpiter têm substâncias da vida

RICARDO BONALUME NETO
ESPECIAL PARA A FOLHA

As duas maiores luas de Júpiter, Ganimedes e Calisto, têm material orgânico, isto é, as mesmas substâncias químicas que são consideradas a base para o surgimento da vida na Terra.
"A composição e a química da superfície desses objetos (os satélites de Júpiter) são de interesse porque dão dicas sobre a origem do nosso Sistema Solar e porque contêm moléculas orgânicas que são essenciais para o início da vida", declaram os autores da descoberta, uma equipe de 12 cientistas dos EUA.
Embora a descoberta, relatada hoje na revista científica norte-americana "Science", esteja longe de comprovar a existência de vida fora da Terra, ela dá novo alento àqueles cientistas que procuram por ela -os "exobiólogos".
Para os pesquisadores que assinam o artigo na "Science", liderados por Thomas B. McCord, da Universidade do Havaí (EUA), os quatro grandes satélites de Júpiter -Ganimedes, Calisto, Io e Europa-, constituem um verdadeiro "sistema solar" em miniatura.
As substâncias descobertas poderiam ter vindo, especulam os cientistas, através de cometas ou meteoros, que teriam, segundo uma teoria, "inseminado" a Terra e outros planetas com as sementes daquilo que viria a ser a vida -substâncias orgânicas, isto é, construídas em torno do elemento químico carbono.
Na Terra, a vida prosperou por encontrar solo fértil. O mesmo pode ou não ter acontecido em outros pontos do Sistema Solar.
A descoberta desse material orgânico no gelo dos dois satélites ajudará os cientistas a entender melhor a distribuição de material orgânico no Sistema Solar.
E com isso dará dicas importantes também sobre a origem desse próprio sistema. Ao contrário da Terra, cuja superfície mudou muito em bilhões de anos (devido a processos internos, como os movimentos da crosta terrestre que produzem efeitos tais quais terremotos e vulcanismo), Calisto e Ganimedes estão imunes a esse tipo de processos geológicos.
Os satélites jupiterianos são quatro laboratórios excelentes por terem atividades muito variadas. Ao contrário dos dois, Io tem vulcanismo. E o quarto deles, Europa, pode ter mesmo água líquida debaixo de uma crosta de gelo (e, quem sabe, alguma forma de vida primitiva).
Cada um desses satélites, chamados de galileanos porque os quatro foram descobertos pelo cientista italiano Galileu Galilei (1564-1642), têm características que os aproximam dos planetas. Eles são, em tamanho, semelhantes à Lua terrestre ou mesmo maiores que o planeta Mercúrio.

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