São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 1997
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Governo sueco oficializa hoje desistência de participar do euro

Gabinete teme reação popular à moeda única

BENOIT PELTIER
DO "LE MONDE", EM ESTOCOLMO

O governo sueco vai apresentar ao Parlamento hoje um projeto de lei que ratifica a recusa do país em aderir à união monetária européia desde seu lançamento, em janeiro de 1999.
A decisão, que segue a linha determinada em junho pelo premiê social-democrata Gran Persson, contradiz compromisso assumido pela Suécia ao entrar na União, em 1995. Persson está ciente da impopularidade atual da moeda única no país, especialmente nas fileiras de seu partido.
Essa linha ultraprudente deverá ser confirmada pela Assembléia em dezembro. Os dois partidos de oposição (Liberal e Conservador), que ainda nutriam a esperança de conseguir convencer a Suécia de pegar o trem da moeda única desde o início, desistiram do propósito. Na quarta-feira, se uniram a setores que pedem um referendo.
O chefe do Partido Conservador, Carl Bildt, sugeriu consulta à população a partir de junho de 1999. Para ele, é a maneira de não perder muito tempo no caminho da união monetária. O premiê pressentiu a manobra e considerou que a realização da consulta apenas seis meses após o lançamento da união monetária seria prematura.
Apesar disso, uma eventual reviravolta britânica nesse ponto poderia levar os suecos a rever sua posição antes do previsto. Foi o que Gran Persson deu a entender no final de setembro, em Bruxelas. Para ele, o essencial é evitar que a moeda única figure no centro da campanha para eleições legislativas de setembro de 1998.
Para vencê-las, o chefe do governo minoritário recorreu a receitas social-democratas clássicas que têm chances de fazer a população esquecer críticas a ele. O premiê multiplicou os presentes oferecidos à população nas últimas semanas: restabeleceu subsídios pagos pelo Estado de bem-estar social, reduziu o número de contribuintes do "imposto especial de crise", tomou medidas para beneficiar desempregados.
As medidas serão recebidas com alívio por muitos eleitores cansados do desemprego que não pára de crescer. Este ano a taxa deve chegar a 8,4% da população ativa. Gran Persson prometera reduzir o desemprego a 4% até o ano 2000.
Os conservadores souberam tirar partido desse ponto fraco e estão quase equiparados aos social-democratas nas sondagens de intenção de voto. Uma das preocupações de Bildt, antigo alto representante na Bósnia, será a de atrair outra vez o pequeno Partido Centrista (ex-Agrário) até as eleições. Este último anunciou que vai deixar de cooperar com o governo, para transmitir uma imagem independente durante a campanha. Persson quer recuperar esse aliado após a eleição. E está disposto a pagar para isso: deverá fechar de 2 dos 12 reatores nucleares do país até o verão de 2001.
O premiê pode se gabar de ter saneado as contas públicas. Falta pouco para o reino escandinavo satisfazer todos os critérios de Maastricht. Apenas a dívida pública continua acima do teto imposto (77% este ano, 74% em 1998).

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