São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 1997
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Porta-voz; Auditorias; Nocivo; Benevolência; Imitações; Frei Betto; Poder de manipulação

Porta-voz
"Diferentemente da interpretação de Elio Gaspari, não fui à missa celebrada pelo papa João Paulo 2º, no parque do Flamengo, para ouvir a mim próprio.
Ali compareci, com minha mãe, Filomena, que é muito católica, para comungar da comovente manifestação de fé e religiosidade e tentar fazer serem ouvidos aqueles que quase nunca o são, no caso os trabalhadores sem terra. No meu entender, essa é também uma forma de oração.
Deixei a carta da direção nacional do MST, de João Pedro Stedile e Egídio Brunetto, bem como um boné de lembrança a Sua Santidade, com Alberto Gasbarri, diretor da Rádio Vaticano, tendo entregue cópias a d. Lucas Moreira Neves, d. Eugenio Sales e ao vice-presidente Marco Maciel.
D. Eugenio Sales me garantiu que a carta e o boné chegariam às mãos do papa."
Eduardo Matarazzo Suplicy, senador pelo PT-SP (Brasília, DF)

Auditorias
"A respeito da expressão 'as empresas de auditoria estão vendendo auditoria por metro', em reportagem de 6/10: a expressão que usei é que as firmas (nunca as chamo de empresas) de auditoria 'podemos estar vendendo auditoria por metro'.
Faço habitualmente esse comentário levando em conta: a) a quantidade de questionários e programas de trabalho padronizados que são utilizados e b) a quantidade de pessoal não-experiente que põe a mão nos papéis de trabalho antes de o gerente e o sócio terem contato com eles. O foco da minha preocupação é o risco que as firmas de auditoria estariam enfrentando sem perceber.
Fiz questão de frisar que praticamente todos os auditores que exercem a profissão no país devem sua formação ética e técnica às firmas multinacionais, que introduziram a auditoria no Brasil há mais de 80 anos. Manifestei também que, pelo fato de dependerem de pessoal formado localmente, essas firmas introduziram aqueles elementos mais ou menos padronizados, que acabaram uniformizando os procedimentos. Acrescentei que o panorama agravou-se, nos últimos tempos, devido a dois fatores: 1) as fraudes são hoje cometidas por pessoal das mais altas hierarquias e 2) o uso intensivo de computadores faz perder 'rastros' de determinadas operações.
Disse também que a Villas Rodil está batalhando para elaborar um enfoque de auditoria diferente, concentrando o trabalho (inclusive o 'de campo') em pessoal com ampla experiência. Em todos os momentos da entrevista, nossa postura foi a de tentar levar ao jornalista a noção de que os problemas vividos pela profissão de nenhum modo diminuem a importância e a necessidade do serviço de auditoria das demonstrações financeiras das empresas e que é preciso, isto sim, trabalharmos para o aperfeiçoamento da metodologia e do próprio processo de auditoria."
Ricardo Julio Rodil, sócio-diretor da Villas Rodil Auditores Independentes, Nexia International (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Frederico Vasconcelos - A afirmação de que "as empresas de auditoria estão vendendo auditoria por metro" corresponde, de fato, ao que foi dito pelo sr. Rodil. E não colide com outros conceitos emitidos em sua entrevista, embora não reproduzidos na reportagem.

Nocivo
"O que é mais nocivo aos interesses da sociedade: a prática de jogos de azar, a compra e venda de votos favoráveis à reeleição, o desvio de verbas públicas ou as irregularidades na emissão de títulos públicos?
Pois apenas a primeira conduta é legalmente proibida e efetivamente punida."
Adriana Bertier (São Paulo, SP)

Benevolência
"É impressionante a benevolência da mídia e da PM para 'calcular' o número de pessoas na missa campal do papa no Aterro do Flamengo.
Não é que, pela primeira vez, os números da PM 'coincidiram' com os dos organizadores do evento (2 milhões de pessoas)?
Essa boa vontade eles não têm para 'calcular' as multidões presentes aos eventos protestantes."
Marcel Holanda (Recife, PE)

Imitações
"Só me resta admitir, tardiamente, que os protestantes é que têm razão: nossas missas estão cada vez mais parecidas com os cultos evangélicos.
Como não bastasse tanta imitação, agora vem um tal de padre Zeca, do Rio, fazer shows 'gospels' que copiam em tudo os shows das bandas evangélicas, que existem há anos, e dando uma de 'surfista de Deus', mais uma cópia dos 'Atletas de Cristo' protestantes.
O que devo fazer? Recusar imitações e ir à igreja evangélica mais próxima?"
Roberta Albuquerque (São Paulo, SP)

Frei Betto
"Por que frei Betto não funda uma religião? Aí sim ele colocaria em prática tudo aquilo que escreveu em seu artigo de 5/10.
Acho que ele não leu o artigo de Carlos Heitor Cony, em 30/8, e deveria ler o de José Carlos Graça Wagner (7/10)."
José Roberto de Moraes (São José dos Campos, SP)
*
"A respeito do excelente artigo 'Querido frei Betto', do ilustre jurista José Carlos Graça Wagner, é mesmo uma pena que o frei dominicano, não tendo querido ou conseguido agir como pensava, agora fique em vão tentando justificar suas ações com idéias estapafúrdias."
Luiz Antônio da Silva (São Paulo, SP)
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"É um alívio saber que intelectuais como frei Betto continuam 'a postos', sem abrir mão da sabedoria e da necessária humildade que caracterizam aqueles que buscam as pequenas parcelas de 'verdade' contidas em cada evento."
José Rubens Rebelatto (São Carlos, SP)
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"Caros srs. Graça Wagner e padre Mellace: que pena que vocês não entenderam o artigo de frei Betto.
Talvez porque vocês desconheçam a tradição profética da Bíblia. Os profetas incomodam!"
José Roberval Freire da Silva (São Paulo, SP)

Poder de manipulação
"Ninguém põe em dúvida o enorme poder de manipulação da opinião pública oriundo das pessoas que dominam a televisão, sendo estarrecedor ver o grau de violência e pornografia levados ao ar diariamente pelos que detêm essas cadeias televisivas, aliados, ainda, aos donos de Hollywood."
Nelson Leite Filho (Campinas, SP)

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