São Paulo, sábado, 11 de outubro de 1997
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Casa Branca pediu trens parados no Rio

DA SUCURSAL DO RIO; DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governador do Rio, Marcello Alencar (PSDB), negou atendimento a um pedido do consulado norte-americano no Rio para que os trens suburbanos fossem paralisados nas quatro horas e 40 minutos de permanência na cidade do presidente Bill Clinton, na próxima quarta-feira.
"Seria uma manifestação de pusilanimidade, se o governador do Estado se colocasse de joelhos à disposição de exigências descabidas", disse Alencar.
Segundo a assessoria de imprensa do governo do Rio, o pedido foi feito anteontem ao secretário particular do governador, Tales Montebello. O adido de imprensa do consulado americano, Paul Kozelka, disse desconhecer a solicitação.
A proximidade das linhas ferroviárias da quadra da Vila Olímpica da Mangueira -que será visitada por Clinton- é uma das principais preocupações dos agentes de segurança da Casa Branca. As vias são separadas da quadra apenas por um alambrado.
Desde que começaram a vistoriar a Vila Olímpica, os agentes vêm interrogando funcionários sobre os horários e a frequência dos trens. Tapumes serão colocados nos alambrados que cercam a quadra, para encobrir a visão dos trens e do morro.
Todas as cinco linhas de trens suburbanos do Rio trafegam pela estação da Mangueira. De acordo com a Flumitrens, aproximadamente a cada cinco minutos passa um trem pelo local.
Os trens suburbanos do Rio transportam diariamente 400 mil passageiros e ligam o centro da cidade aos subúrbios das zonas norte e oeste e à Baixada Fluminense.
O secretário de Estado de Segurança Pública, Nilton Cerqueira, criticou as exigências e disse que 200 homens do 4º BPM (Batalhão de Polícia Militar), em São Cristóvão, "seriam suficientes para garantir a segurança".
Pelo menos 120 agentes do serviço secreto norte-americano deverão fazer a segurança da visita. As exigências da Casa Branca provocaram protestos no morro.
"Acho isso uma ofensa. Se ele (Clinton) quiser vir como convidado, que venha. Se for para fazer muitas exigências, é melhor que fique nos seus Estados Unidos", disse Neuma Silva, a "dona" Neuma da velha guarda da Mangueira.
Clinton fez um pedido de última hora ao governo brasileiro: que o ministro dos Esportes, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, participe da sua visita à Mangueira. Até ontem, a assessoria de Pelé confirmava apenas sua participação no jantar que será oferecido pelo presidente Fernando Henrique Cardoso a Clinton no Palácio da Alvorada.

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