São Paulo, domingo, 12 de outubro de 1997
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Presidente dos EUA faz viagem 'híbrida'

WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os diplomatas envolvidos na visita de 46 horas que o presidente Bill Clinton fará ao Brasil tiveram dificuldades em definir o caráter da viagem: se oficial ou de Estado.
Há algumas diferenças sutis entre elas, mas aos olhos do cerimonial são elas que dão o tom e a importância do encontro.
"Será uma visita híbrida", afirmou o ministro-chefe do Cerimonial da Presidência da República, Walter Pecly, definindo o meio-termo encontrado pelos diplomatas para a viagem do presidente norte-americano.
Para chegar a essa definição, os brasileiros se valeram de uma operação aritmética e do princípio da reciprocidade. Pelos critérios do Ministério das Relações Exteriores, o Brasil pode receber no máximo duas visitas de Estado por ano, mas tem de retribuir no mesmo nível a recepção que é dada ao presidente Fernando Henrique Cardoso no exterior.
Daí surgiu o primeiro problema. As duas visitas de Estado de 1997 couberam ao presidente da França, Jacques Chirac, em março, e ao imperador do Japão, Akihito, em junho. Portanto, a de Clinton não poderia ter esse caráter.
A segunda dificuldade: FHC foi recebido pelos norte-americanos, em 1995, com as pompas e circunstâncias de visita de Estado. Cabia ao governo brasileiro retribuir agora no mesmo nível.
Diante desses dois entraves, a diplomacia brasileira chegou ao "modelo híbrido". Só não será uma visita de Estado porque Clinton não assistirá ao desfile militar em frente ao Palácio do Planalto e não haverá visita ao Supremo Tribunal Federal.
Pelos critérios do cerimonial, a visita de Estado inclui uma passagem pelos Três Poderes, revista a tropas militares e banquetes. A visita oficial não tem esses pontos.
A situação não ficará pior por pura sorte. O governo brasileiro contou com o fato de Clinton estar fazendo uma visita conjunta, indo também para a Venezuela e a Argentina, tirando o caráter "exclusivo" que envolve a visita de Estado. Além disso, ele vai ficar poucas horas no país. Dessa forma, foi possível se chegar ao hibridismo.

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