São Paulo, domingo, 12 de outubro de 1997 |
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Brasil dá mais lucro às múltis norte-americanas
ANTONIO CARLOS SEIDL
A taxa de rendimento sobre o capital investido das transnacionais norte-americanas no Brasil foi de 12,09% em 96, em comparação com a rentabilidade de 9,12% no México, 3,55% na Europa Ocidental, 3,33% no Canadá e 1,15% no Japão. Esses números explicam o crescente interesse das transnacionais norte-americanas pelo Brasil. No ano passado, o fluxo de investimentos diretos dos EUA no Brasil foi de US$ 1,2 bilhão. Este ano, deve chegar a US$ 1,5 bilhão. O presidente da Câmara Americana de Comércio de São Paulo, Daniel Miller, 49, que é vice-presidente executivo da Whirlpool (empresa que detém o controle acionário do grupo brasileiro Brasmotor, das geladeiras Brastemp e Cônsul), diz que o Brasil é a bola da vez para os investidores norte-americanos. "A razão pela qual as empresas norte-americanas estão investindo no Brasil é o enorme potencial de expansão do mercado interno do país na esteira da estabilização econômica." Segundo Miller, o "notável" progresso do país sob o Plano Real e a certeza de que o país pode crescer a taxas bem superiores aos níveis atuais em torno de 4% são fatores que são levados em conta nas decisões de investimentos das empresas norte-americanas no Brasil. O faturamento médio total das empresas transnacionais industriais dos EUA que operam no Brasil foi de US$ 52,5 bilhões no ano passado, representando 32,16% do faturamento das transnacionais industriais de todas as nacionalidades que operam no país. O estoque dos investimentos das empresas transnacionais norte-americanas no Brasil, segundo dados da Sobeet, era de US$ 20,7 bilhões, ou 34,28% do total, em 1995. Dan Miller estima que esses investimentos vão continuar crescendo porque as transnacionais norte-americanas têm confiança na economia brasileira. Os investidores, diz Miller, estão preocupados com a lentidão do ajuste fiscal, uma medida que consideram importante para o equilíbrio das contas externas do país, mas têm certeza de que as reformas serão concluídas a tempo de impedir a ocorrência de um "efeito Ásia" -o ataque especulativo contra as moedas da Tailândia e outros países do Sudeste Asiático- no Brasil. A Câmara de Comércio Americana de São Paulo prevê a continuação da entrada de capital dos EUA no país, seja para investimentos novos ou para a aquisição de empresas. Os setores de telecomunicações, energia e de seguros estão entre os mais atraentes. Uma medida do interesse norte-americano no Brasil é dada pelo número de consultas que a Câmara recebe de potenciais investidores de grande, médio e pequeno porte. Em 1992, duas empresas por mês procuravam a Câmara para obter informações sobre investimentos no Brasil. Hoje, mais de 20 empresas por mês pedem o auxílio da Câmara em busca de oportunidades de investimento no país. Além de local rentável para os investimentos diretos das transnacionais, o Brasil responde atualmente pelo sexto maior saldo comercial dos EUA no mundo. As exportações totais norte-americanas alcançaram US$ 625 bilhões no ano passado, significando um crescimento de 40% em relação ao ano anterior. No mesmo período, as exportações dos EUA para o Brasil cresceram ainda mais rápido (121%), segundo a Câmara Americana de Comércio de São Paulo. Texto Anterior: O protecionismo nas relações Brasil-EUA Próximo Texto: 'Divergência não é problema' Índice |
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